26. Auditorium

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⸻ 𓆉 ⸻

Aonung estava terminando de arrumar seu material escolar para o primeiro dia da última semana de aula antes do recesso escolar - que renderia três semanas gloriosas de descanso -, quando Tsireya bate com os nós dos dedos contra sua porta, já arrumada para a escola.

Usando uma calça jeans de lavagem escura e um moletom cor-de-rosa, Tsireya estava morta de frio naquela manhã atípica. Dezembro era o mês das chuvas no Hawaii e naquela segunda-feira em especial a Mãe Natureza havia se dedicado e mostrado que veio para ficar, dando seu nome ao mês chuvoso.

Estava frio e uma chuva forte batia contra a janela fechada do quarto de Aonung. De acordo com a previsão do tempo daquela semana, todos os dias seriam iguais àquele, chuvoso e friolento, perfeito para não ir à escola.

— Está pronto? — a menina diz, com os dedos afundados no bolso da frente do moletom rosa. Tombando a cabeça para o lado, analisou a postura animada do mais velho. Para alguém que odiava a escola, Aonung estava felizinho demais em plena segunda-feira de manhã — Por quê o sorrisinho na cara?

Ahn? Nada, nada — Aonung diz, se afastando da mochila e indo até a cômoda para buscar o celular e é nesse segundo que Tsireya percebe algo novo na mochila do irmão. Por se tratar de uma mochila toda preta, qualquer detalhe colorido acaba se destacando com facilidade.

Era um broche mediano em formato de foca. Azul turquesa clarinho e em um traço adoravelmente fofo, a foca tinha um peixe na boca e estranhamente fazia Tsireya lembrar de Aonung ao olhar diretamente para aquele broche. Porém, a questão toda não era o broche em si, mas quem havia dado o broche.

— O que é isso? — ela pergunta de forma maliciosa, invadindo o quarto do mais velho, tirando as mãos do bolso e apontando descaradamente para a mochila preta.

Virando o rosto confuso e procurando pelo que Tsireya pergunta, Aonung sente o corpo esquentar e os olhos arregalaram gradativamente, de forma caricata. É óbvio que ela seria a primeira a reparar naquele broche.

— Não é nada demais — ele diz estufando o peito e fingindo que realmente não era nada demais. Afundando o celular no bolso e marchando até a mochila, a jogou no ombro e desviou do corpo pequeno da mais nova, evitando ao máximo olhar para os olhos analíticos de Tsireya.

— Quem deu pra você é quem eu estou pensando? — ela questiona, começando a rir. Assim que Aonung se retira do quarto, Tsireya o segue, indo em direção a cozinha em busca de algo para comer antes de irem para a escola. Mesmo que Aonung tentasse fingir que aquilo não o afetava, o sorriso abobalhado e as bochechas vermelhas o denunciavam.

— Para de importunar seu irmão às seis da manhã, filha — Tonowari diz, sentado a pequena mesa na cozinha, bebericando da sua xícara de café e lendo as notícias do jornal pelo aplicativo no celular — Espere chegar o meio dia para fazer isso.

Tsireya apenas ri, enquanto Aonung revira os olhos, se servindo de café assim como o pai. Já a mais nova, procura pelo leite e cereal que toda manhã comia religiosamente.

— Aonung ganhou presentinho do namorado, mas não quer assumir em voz alta — a mais nova provoca, enquanto coloca o cereal na vasilha a sua frente. Ronal entra no cômodo já vestida com seu uniforme médico, o sorriso gentil enviado aos filhos logo é substituído por um olhar sério direcionado a Aonung.

— Você está namorando e não contou para sua mãe?

— O-o que? — ele arregala os olhos, olhando para a mãe, com o rosto agora completamente vermelho — Não! Não estou namorando.

— Mas ganhou presentinho.

Ronal cruza os braços e se senta à mesa, esperando por uma explicação do filho. Tsireya desde o momento em que havia começado a sentir algo a mais por Lo'ak havia contado para mãe, buscando conselhos - o que aquecia o coração endurecido da médica -, porém ver o filho distante daquela forma sempre preocupou a mulher. Ela se preocupava muito com Aonung, principalmente com medo de como o mundo trataria seu precioso filho.

𝐀 𝐍𝐄𝐖 𝐇𝐎𝐌𝐄 | avatarWhere stories live. Discover now