6. Amanda

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Após a leitura do testamento, eu decido retornar para o Brasil. Converso com a mãe do Philipp e decido entregar todas as propriedades que herdei para ela. Nada mais me prendia à Alemanha.

Assino toda a papelada transferindo os imóveis e concordo em ficar com as ações e aplicações avaliadas em quase cinco bilhões de dólares. Eu gostaria de dar continuidade aos projetos sociais que ele fazia parte, e em outro momento eu veria isso.

Duas semanas depois chego ao Brasil.
Perder o Philipp me doía muito. Tivemos um casamento maravilhoso por mais de um ano, onde eu realmente me sentia amada e adorada. Não tinha um único dia que aquele homem não fazia eu me sentir a mulher mais linda e maravilhosa da face da terra.

Ele não era o amor da minha vida, e sabia disso. E mesmo assim, ele acordava disposto todo dia, a me conquistar, um pouquinho de cada vez, como ele mesmo dizia.

Passo vários dias afundada na cama, chorando por tudo, por ele, por perdê-lo, por perder a nossa amizade e cumplicidade que era tão importante pra mim, mas acima de tudo, choro pela perda de um ser humano tão maravilhoso.

No início de novembro, estou péssima. Perdi vários quilos, estou com olheiras enormes e há mais de um mês não sei o que é um salão de beleza.

Estou largada no sofá, assistindo uma série qualquer quando minha campainha toca. Olho para a minha calça de moletom e camiseta sem sutiã e fico realmente tentada em não atender. Apenas fazer silêncio e fingir que não estou ali.

Mas lutando contra isso, vou até a porta e abro. O vejo ali, um ano e meio depois do nosso último encontro. Mais lindo e maravilhoso do que nunca.

Não digo nada. Apenas vou até ele e aceito o abraço que ele me dá. Me sinto uma criança, totalmente perdida dentro dos meus sentimentos.

Ele me leva até o sofá, e fico ali por horas, apenas envolta em seus braços, enquanto coloco tudo para fora, em meio a soluços.

Quando já estou mais calma ele fala.

- Sei que você talvez não queira me ver nunca mais, mas estávamos todos preocupados com você. Você não responde mensagens, não atende ligações...

- Eu estou tentando assimilar isso tudo. Perdê-lo não está sendo nada fácil - explico.

- Eu nem posso imaginar. Mas, tirando pela forma que você está, dá pra ter uma noção - ele fala enquanto me aperta mais ainda em seu abraço - você está muito magra, aposto que só tem comido o suficiente para sobreviver.

- Não sinto fome - argumento.

- Mas precisa comer, sei que você não está bem, mas precisa comer Amanda, você está sumindo na minha frente - reclama, com a cara um pouquinho fechada - você precisa de ajuda pra fazer alguma coisa?

Balanço a cabeça negando.

- Sua mãe sabe que as coisas estão assim? - nego novamente - então eu acho melhor eu ligar pra ela e avisar. Se você continuar assim, daqui a pouco não vai restar nada a ser feito.

- Não - eu praticamente grito - eu vou sair dessa.

- Você não vai, e sabemos bem disso, ou você aceita a minha ajuda, ou de quem quer que seja, ou ou vou ligar para os seus pais - não deixa margem para escolhas.

Eu apenas concordo com a cabeça.

- Você já comeu hoje? - pergunta já indo até a geladeira e os armários e os encontrando completamente vazios.

Me olha com uma cara de reprovação.

- Agora eu vejo por que não está comendo, que tal irmos às compras?

DocShoe - Você pra sempreOnde histórias criam vida. Descubra agora