16. Antônio - o acidente

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O dia seguinte não é nada fácil. Tenho uma luta teste à tarde, e pela manhã, Amanda fica trancada no quarto conversando com Anna durante horas.

Está chateada, não quer me ver, eu tento entender o seu lado, mas me magoa muito que ela não acredite em mim.

Converso com Júnior e ele tenta me acalmar.

Já passam das 11h30 quando ela aparece na sala. Com o rosto completamente banhado em lágrimas e os olhos tão inchados que parecem até menores.

- Você está bem pequena?

- Eu pareço estar bem? - ela fala em um fio de voz - olha só Antônio, eu acredito em você ok?, eu só preciso de espaço pra lidar com isso. Eu te avisei mil vezes que as intenções dela não eram boas. E é isso que dói, se você tivesse dado ouvidos ao que todo mundo te disse, nada disso teria acontecido. Agora, eu quero ir pra casa.

- Eu posso te levar?

- Sim - ela se vira e agradece os nossos amigos, dá um longo abraço em Anna, enquanto trocam palavras sussurradas.

Depois sai andando na minha frente e entra no carro em completo silêncio.

No caminho de volta, ela não fala comigo, e embora eu tente de tudo, não consigo me conectar com ela.

Quando chegamos em casa, ela desce do carro e corre pra dentro, se tranca no banheiro onde permanece por mais de quarenta minutos.

Ela sai do banho enrolada em uma toalha, e se dirige ao closet, veste uma roupa de moletom e se deita na cama.

Resolvo lhe dar espaço. O fato dela acreditar em mim, me tranquiliza um pouco.

Tomo um banho e separo meu equipamento para a luta. Quando tudo está pronto, vou até ela me despedir.

- Pequena, estou indo até o laboratório pegar o exame e depois tenho a luta teste. Vou chegar tarde ok?

Ela balança a cabeça confirmando.

- Boa sorte.

- Obrigado - agradeço. Quero beijá-la e abraçá-la, mas com medo da sua reação, apenas dou meia volta e saio de casa triste.

Sei que as coisas vão se resolver, mas a sua tristeza me deixa mal. Amanda é a alma da nossa casa, e vê-la nesse estado, faz tudo desmoronar dentro de mim.

Passo no laboratório e pego o teste toxicológico, quero matar a Clara quando o resultado aponta positivo para rohynol.

Dirijo até o CT louco de raiva, minha mente está nublada e eu tenho ódio correndo por todo o meu corpo.

Júnior me encontra no vestiário e quando eu lhe passo os papéis para que veja os resultados, ele blasfema e grita com raiva.

- Que bela filha da puta.

- Das maiores. Mas ela vai ter o que merece, isso não vai ficar assim.

- O que pretende fazer?

- Não sei. Demiti-la por justa causa parece pouco. Vou conversar com Dindinho. Talvez levar o caso pra justiça ou fazê-la vir à público e explicar toda a situação. Ela não manchou apenas o meu nome irmão, ela humilhou a Amanda, e isso eu não vou permitir.

- Eu não espero menos que isso de você irmão. Sabe que pode contar comigo para o que precisar. E a Amanda sabe o seu valor, ela está apenas magoada. Você também estaria. Vamos dar tempo ao tempo e tudo vai voltar aos eixos.

- Eu sei. É que apenas a ideia de magoa-la me dói sabe?, ela me avisou tanto Júnior. Ela me falou inúmeras vezes sobre o que via na Clara. E eu apenas não dei ouvido.

- A vida é assim amigo, e infelizmente essas coisas acontecem. É isso que a está chateando. O mais importante é que ela confia em você.

- Sim, obrigado pelo apoio - o abraço e me dirijo ao Cage. A próxima luta é a minha e meu nome é anunciado nos autofalantes.

- Boa sorte, cabeça no lugar e bola pra frente.

Me sento na primeira fileira e aguardo que a luta da rodada termine.

Não consigo me concentrar. Minha cabeça volta todo momento à noite anterior. Meu único desejo é chegar em casa e poder conversar com ela. Mostrar o resultado do teste e lhe pedir perdão.

Quando me chamam, eu entro no ringue desnorteado. Não é uma boa ideia lutar assim. Resolvo terminar tudo o mais rápido possível e me mandar dali.

Domino o primeiro round, já que meu adversário está com a guarda baixa. No segundo, lutamos de igual pra igual, mas fico feliz já que ele luta em uma categoria de peso acima da minha.

No terceiro round, estou no domínio da situação, mas perco completamente o foco quando vejo Clara entrar e se sentar na fileira da frente.

Uma grande filha da puta. Olho pra ela e tenho pensamentos violentos, que não são bem vindos. Tento me concentrar e voltar meu pensamento para a luta.

Amanda, minha mulher. É a única coisa que me importa. Eu vou vencer isso aqui, voltar pra casa e vamos nos acertar. Tento pensar positivo, mas a minha mente me trai inúmeras vezes.

E distraído com a situação, levo um enorme soco na cabeça, que me leva ao chão, me deixando completamente desacordado.

Comentem o que estão achando. Engajem muito que em breve estarei de volta. Beijos ❤️

DocShoe - Você pra sempreOnde histórias criam vida. Descubra agora