14. Antônio - a boate

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A luta final da temporada estava agendada para dali a cinco semanas. E eu me sentia ansioso. Em breve nossas famílias chegariam e eu estava louco para matar a saudade.

Estava me arrumando para um evento da liga, enquanto minha pequena, sentada sobre a cama, me auxiliava.

- Eu acho que o outro sapato combina mais, amor.

- Certo - faço a troca e realmente fica bem melhor - tem certeza que não quer ir?, te espero.

- Não, já combinei com a Anna. Além do mais, nas próximas semanas teremos vários eventos, e eu sei que você vai querer a minha presença em cada um deles.

- Tudo bem, vamos?

Ela se levanta saltitante, pega a sua bolsa e saímos de casa. A deixo na casa dos nossos amigos e me despeço com um beijo estralado.

- Se precisar que eu te busque me avise.

- Tudo bem, vamos nos falando. Boa sorte lá.

- Obrigada. Te amo.

- Te amo.

Como previsto, o evento era chato e intragável. Meu rosto estava com cãibras de tantos sorrisos. E pra piorar, a Clara não saia do meu pé.

- É isso senhores. A presença de todos é solicitada no coquetel que o presidente da liga está dando em uma boate. Por mais que estejam cansados, pedimos que compareçam por pelos menos alguns minutos. Toda a imprensa estará lá e é importante para a imagem de cada um.

Fico irritado, mas resolvo cumprir o protocolo e passar na boate por alguns minutos.

"Preciso marcar presença na boate por alguns minutos pequenas. Acredito que em uma hora finalizo por aqui. Se quiser carona me avise".

"Ótimo. Estou bebendo alguns drinks com a Anna, te espero".

Encontro vários amigos no evento, e conversa vai, conversa vem, se passam mais de uma hora. Já estou me despedindo de todos quando Clara me entrega um drink.

- Aqui chefe. O Anderson está aqui, solicitou sua presença para uma entrevista.

- Certo. Última do dia e estou indo embora - viro a bebida em um gole e deixo o copo sobre uma mesa pelo caminho.

Concedo a pequena entrevista e começo a sentir calor, muito calor. Quando as perguntas acabam, vou com Anderson até o bar pegar uma água.

O calor me domina, queima e eu me dirijo para a saída. Preciso do ar fresco de fora.

Ao sair da boate, o frio me faz tremer, mas não me mexo.
Deixo que o ar me envolva, preciso respirar. Mas, quando começo a tilintar, decido entrar.

Estou congelando, mesmo vestido em um terno. Dentro da boate, as luzes me deixam tonto. Caralho, o que está acontecendo?

Seguro- me na parede e me sento. Penso no drink que Clara me deu e que foi o único que bebi durante toda a noite. Certeza que foi isso.

Respiro, vejo outras pessoas indo embora e quero ir também. Mas por fim, decido esperar alguns minutos, com certeza vai passar.

Como havia imaginado, a tontura passa e eu me levanto. Continuo o meu caminho para a saída, mas as minhas pernas tremem.

- Antônio, você está bem? - Clara se materializa na minha frente.

- Sim, acho que...

Vamos, acompanhe-me.

- Não, estou indo embora - me levanto, e no mesmo segundo, ela gruda a sua boca na minha, tentando forçar um beijo.

A empurro com raiva.

- Você está louca?, porra Clara. Que merda você está fazendo?

- Eu...

- Você está demitida, isso passou de todos os limites.

Quero continuar gritando, mas não posso continuar. Tudo fica preto na minha mente, e antes que algo de pior aconteça, chamo Marcos meu amigo e lhe explico o que está acontecendo.

Enquanto caminho, ajudado por ele, penso na Amanda e nos inúmeros avisos que ela me deu. Porra.

Meu corpo pesa, as cores ficam brilhantes. Muito brilhantes.

- Sapato. Irmão, olha só. Vou te deitar aqui no sofá e vou ficar ao seu lado até que você melhore ok?.

Balanço a cabeça concordando, enquanto minha vista fica turva e as cores brilham de novo ao meu redor.

Barulho...
Música...
Suspiros...
Gritaria...
Muitos sons para identificar.

Abro os meus olhos e lenta, muito lentamente, olho ao redor.

Marcos e Anderson estão na minha frente, conversando entre si.

Fico de pé, me sinto um pouco zonzo. A festa continua a todo vapor.

- Irmão, se sente melhor?, você apagou por quase duas horas.

- Duas horas?, caralho. Eu preciso encontrar a Amanda, ela está me esperando.

- Calma. Você ainda não está bem.

- Já me sinto melhor. Mas eu bebi alguma coisa que me deixou assim.

- Eu suspeitei. Você ficou totalmente estranho.

- Verei isso depois. Mas eu realmente preciso ir - me despeço e saio da boate, entrando no meu carro.

Ainda me sinto zonzo, mas bem melhor que antes. Ligo pra Amanda mas ela não atende. Resolvo enviar uma mensagem informando que estou à caminho.

Assim que chego, Júnior vem até o portão me receber. Desço do carro e subo a escadaria da entrada até onde ele se encontra. E então meu amigo, aproxima-se e me dá um soco que me joga longe.

Caralho!

Fico puto. Ainda mais quando o sabor metálico do sangue inunda a minha boca.

- Como você pôde fazer isso? Como pôde fazer isso com a Amanda?

Limpo o lábio, o sangue escorre por ele.

- Não sei o que eu fiz com a Amanda, se você puder me explicar o que aconteceu.

Júnior me olha. Pragueja.

- Está em todas as redes. Uma foto sua beijando a Clara. A Amanda já viu e está devastada.

- O que?

- E não só ela. Todos já vimos Antônio.

Não consigo respirar. Entendo as palavras do meu amigo, mas me sinto paralisado. A Clara me beijou e a Amanda viu?.

Fico desesperado. E de repente, percebo que Clara atingiu o seu objetivo. Filha da puta.

Como isso foi acontecer logo comigo, que me acho o homem mais inteligente do mundo?

A raiva me domina, mais ainda por saber que minha pequena me avisou. Fui drogado e enganado, e me sinto um lixo.

- Preciso vê-la. Preciso explicar pra ela Júnior.

- Só por cima do meu cadáver você vai entrar por aquela porta Antônio.

O que? O mundo deveria estar de palhaçada comigo. Era o que eu esperava.

E , me contem o que estão achando dessa história? Engajem muito que prometo voltar rápido. Beijos ❤️

DocShoe - Você pra sempreWhere stories live. Discover now