15. Antônio

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Explico para Júnior o que aconteceu.

- Caralho Antônio. É melhor fazermos um exame então. Será bom pra te preservar até contra a demissão da Clara.

- Eu farei, mas antes, preciso ver a Amanda.

- Irmão... - percebo que terei trabalho para chegar até Amanda. Resolvo me impor.

- Eu amo a minha mulher acima de tudo, e se eu tiver que passar por cima de você pra falar com ela, eu farei isso. Entendeu?

A expressão dele muda.

- Não esperava menos de você - no mesmo instante ele abre o portão e caminhamos até a casa.

Quando chegamos na porta do quarto, ele dá uma leve batida e Anna sai. Brava, grunhe, se dirigindo a Júnior com cara de raiva.

- Você sabe que ela não o quer aqui. Caralho Júnior.

- Ela é minha mulher - esclareço, caso ela tenha se esquecido.

- E parece que você não lembrou disso, enquanto estava metendo a boca em outra por aí.

Anna e Júnior discutem. Ela não quer que eu me aproxime de Amanda. Em outras circunstâncias, eu admiraria sua lealdade, mas agora, me deixa puto.

Por fim, depois de muito explicar, ela entende um pouco da situação e me deixa entrar no quarto, onde minha pequena está dormindo.

Em silêncio, eu me aproximo dela. Quero tocá-la, mas morro de medo da sua reação. Então, acaricio levemente a sua cabeça. Ela sempre gostou de massagem na cabeça, então com carinho, mexo as mãos, tentando trazer um pouco de conforto.

Amanda sorri ao sentir o toque, ronrona. Mas, de repente, dá um enorme pulo da cama, e cravando seus lindos olhos em mim, grita fora de si.

- Você é um desgraçado.

- Meu amor...

- Ah não, não sou mais seu amor - grita - confiei em você seu babaca, confiei na nossa maldita relação, mas você não é a pessoa que eu achava que era.

E então ela começa a chorar, as lágrimas descem em cascata e espelhando a sua reação, eu choro também.

- Pequena, meu amor, me ouça...

- Não, não vou ouvir. Você não merece. Eu te odeio.

- Amanda - grito, tentando fazer ela me escutar. Como assim ela me odeia?

- Você me decepcionou, me humilhou e fez isso pro mundo inteiro ver. Você acha que agora eu vou escutá-lo?. Foda-se Antônio.

Assinto, sei que em seu lugar eu estaria pior.

- Amanda...

Mas ela está fora de si. Não quer me ouvir. Grita comigo. Atira tudo o que vê pela frente. Conta com ódio nos olhos o que viu nas redes. Me insulta, e o pior, se afasta de mim, como se me ter por perto, doesse.

Tudo que faço é em vão. Tudo que eu digo é inútil. Ela não quer me ouvir, está furiosa e não quer falar comigo.

- Pequena, colocaram algo na minha bebida. Juro que não fiz nada pra te magoar, nem faria, nunca. Você sabe disso, eu sei que sabe - vejo que ela paralisa seus movimentos e continuo falando - eu bebi apenas um drink, e logo em seguida comecei a passar mal, por isso demorei tanto a chegar. O Marcos e o Anderson me ajudaram, eu fiquei desacordado por quase duas horas. Eu juro que não fiz nada. Tenho certeza que me drogaram.

Ela me olha, pensa por alguns minutos e eu sei que o que eu lhe disse acende uma dúvida na sua cabeça. Mas então, sem aviso prévio, ela pega seu celular em cima do criado-mudo e o atira em mim com raiva.

O aparelho acerta em cheio a minha testa e o sangue começa a jorrar no mesmo instante. A atitude faz Júnior tomar frente na situação.

- Amandinha, eu entendo o seu lado, sei o quanto você está chateada. Mas o Antônio é meu amigo há anos, e eu confio no que ele está falando. Ele arrancaria o próprio coração do peito antes de pensar em te fazer qualquer mal. Só pense nisso.

Agradeço suas palavras. Agradeço por Júnior confiar em mim. Mas então, vejo Amanda pegar um abajur e o tirar da tomada.

- Você não seria capaz.

- Se você não sair agora mesmo, verá que sou sim.

Anna anda até ela, e gentilmente retira o objeto de suas mãos.

- Amanda, reconsidere. Por favor - Júnior pede.

- Só por que você acredita nele eu tenho que acreditar também?

Nossa, ela está enlouquecida.

Então, Anna se mete no assunto.

- Antônio, você pode esperar lá fora?, a Amanda está nervosa e não acho nada bom ela ficar nesse estado. Fora que ela está destruindo o quarto.

- Tudo bem. E não se preocupe, eu vou pagar por tudo isso.

- Você vai mesmo. Mas espera lá fora por favor.

Antes de sair, me viro ora ela e falo.

- Eu te amo mais que a minha própria vida pequena. Espero que você lembre disso.

Uma vez na sala, esfregou minha cabeça. Dói. Preciso me lembrar que a Amanda tem uma boa pontaria.

- Vem, vamos fazer um exame. Precisamos comprovar o que aconteceu Antônio.

- Júnior...

- Antônio. Você conhece a sua mulher melhor que eu. Sabe que agora é melhor deixá-la em paz, para processar o que houve, não acha?

Aceito por hora. Sei que é o melhor a fazer. Colocar a cabeça no lugar e conversar depois.

Saímos da casa e nos dirigimos à um laboratório vinte e quatros horas. Faço os exames e peço urgência. Depois nos dirigimos ao hospital. Minha cabeça está com um enorme galo sangrando.

Preciso levar três pontos e tomar alguns remédios. Depois voltamos ora casa do Júnior, e Anna informa que Amanda chorou muito, mas que por hora, está dormindo.

- Trouxe seus remédios? - Júnior pergunta.

- Estão no carro.

- Vamos buscar então. Tome o que for preciso e vá dormir. Você pode dormir no quarto ao lado. Amanhã é outro dia e tudo vai se ajeitar.

- Eu espero que ela acredite em mim.

- Ela vai amigo. Ela vai.

Faço o que ele manda. E depois de tomar meus remédios, mergulho em um sono profundo, enquanto peço à Deus, que minha pequena me escute e me perdoe.

Três capítulos em uma noite ein?. Engajem muito que eu estou escrevendo o próximo pra vocês. Beijos ❤️

DocShoe - Você pra sempreWhere stories live. Discover now