17. Amanda

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Estou dormindo quando escuto meu celular tocar. Não quero atender, então espero até que caia na caixa postal. Mas assim que ele para, o toque começa novamente.

À contragosto, me levanto e tateio a bolsa em busca dele. Quando o encontro, cinco chamadas perdidas do Júnior. Acho estranho. Antes que eu possa retornar, ele vibra na minha mão.

- Alô.

- Amanda?

- Oi Júnior.

- Olha, eu preciso que você fique calma ok?. Eu gostaria de te dar essa notícia de outra forma, mas não dá. O Antônio sofreu uma pancada na cabeça e está a caminho do hospital. Até o momento ele está desacordado e não consigo te dar mais detalhes do quadro. Mas estou na ambulância com ele.

- Qual hospital?

- Western Memorial.

- Chego lá o mais rápido possível. Cuide dele por favor.

Sem chão, é assim que eu me sinto. Começo a orar e pedir à Deus para que tudo esteja bem.

Troco de roupa rapidamente, pego minha bolsa e solicito um carro por aplicativo. A corrida parece durar uma eternidade. E eu apenas choro o caminho inteiro.

Encontro Júnior na recepção e ficamos à espera de notícias médicas.

- O que aconteceu?

- Ele estava muito distraído no momento da luta.

Distraído...meu corpo se arrepia inteiro. A expressão de Júnior muda ao ver a minha.

- Ele está bem?

- Não sei Amanda. Mas ele vai ficar, ele é forte.

- Você falou que ele estava distraído. Por ontem?

- Por tudo. Eu não deveria te falar, mas, saiu o resultado do exame toxicológico que ele fez, e deu positivo. Ele ficou com muita raiva da Clara, acho que isso somado ao fato dela ter aparecido na luta piorou tudo.

- Aquela filha da puta apareceu?, depois de tudo?

- Sim. Mas não vamos pensar nisso agora. Vamos focar no Antônio, depois ele com certeza vai resolver isso.

Aguardamos por duas horas por qualquer informação, e quando Júnior já estava se levantando pra ir até a recepção, o médico entra na sala.

- Familiares do paciente Antônio Carlos Júnior?

Nos levantamos.

- Boa noite. O Antônio sofreu um traumatismo craniano leve e resolvemos mantê-lo sob o efeito sedativo por essa noite, será melhor para fins de recuperação. Os exames não indicam nenhum inchaço no cérebro, o que consideramos excelente.

- Podemos vê-lo?

- Em instantes uma enfermeira virá até vocês. Permitiremos a visita, mas apenas um acompanhante poderá passar a noite com ele.

- Tudo bem. Obrigada Doutor.

- Obrigado Doutor - agradece Júnior, apertando a mão dele.

- Graças a Deus não foi nada grave. Eu estava tão preocupada - desabafo chorando.

Júnior me abraça e tenta me acalmar um pouco.

- Não se sinta culpada Amanda. O que houve abriria margem para interpretação para qualquer pessoa. O próprio Antônio teria surtado.

- Eu sei. Mas se eu não estivesse brigada com ele, ele não estaria tão distraído...

- Não. Essas fatalidades acontecem, e não podemos controlar. Agora você precisa ficar bem por você e por ele.

Mas é impossível. O medo toma conta do meu corpo e eu desmorono.

Instantes depois a enfermeira vem até nós e nos guia até o quarto. Explicando prevemente o quadro e nos dando orientações.

Assim que entramos no quarto e eu o vejo, as lágrimas voltam a me inundar. Imediatamente me arrependo de ter brigado com ele.

Júnior anda até mim, me abraça e novamente me diz que não tenho culpa de nada. E embora eu continue preocupada, sei que Antônio em breve acordará e isso me reconforta.

Ele se despede e eu fico ali, velando o sono do meu noivo e pedindo à Deus para que tudo dê certo.

No dia seguinte, vários amigos do Antônio passam pelo hospital, trazem flores e presentes e eu fico feliz, em saber que ele tem uma rede de apoio tão grande.

No final da tarde, a equipe médica me informa que a sedação foi retirada, e eu fico aflita quando a noite cai e ele não acorda.

Me sento na poltrona ao lado da cama e faço uma silenciosa oração, pedindo à Deus pela vida dele.

- Por que você não acorda meu amor?. Por favor, só volta pra mim. Me desculpa por tudo. Eu te amo tanto, tanto.

Abaixo a cabeça e choro, choro tanto que o cansaço me inunda e o sono me leva. Acordo algumas horas depois com uma voz me chamando.

- Ei meu amor. Está tudo bem?

Levanto a cabeça e o vejo. Eata me olhando com os olhos levemente cerrados e a voz ainda meio grogue doa remédios.

- Vo...você... - mas não consigo completar a frase, a emoção toma conta de mim.

- Ei, não chora meu amor, eu estou aqui, estou bem.

- Eu te amo tanto. Fiquei tão preocupada Antônio.

- Me desculpa. Eu não deveria ter entrado pra lutar tão distraído como eu estava.

- Eu não deveria ter brigado com você. Estou tão arrependida.

- Não pensa nisso agora. Vem cá e me dá um abraço, é só disso que eu preciso.

Me debruço levemente sobre ele, lhe dando um abraço leve, com medo de alertá-lo.

- Amor, eu estou bem, fica calma. Agora, deita aqui comigo. Você não vai dormir nessa cadeira toda torta, tem espaço pra nós dois aqui nessa cama.

- Não Antônio. Vou te machucar e as enfermeiras não vão gostar nada disso.

- Anda sua boba, meu remédio é você. Eu só preciso te abraçar e saber que tudo vai ficar bem.

Aceito seu pedido, subo na cama e me aninho em seu peito, onde acabo adormecendo rapidamente, vencida pelo cansaço do último dia estressante.

Comentem muito o capítulo e ajudem a autora a engajar. Prometo que em breve estarei de volta com novos capítulos. Beijos ❤️



DocShoe - Você pra sempreWhere stories live. Discover now