XXXV: O dia

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— Mas eu não sou prêmio de consolação. — Cordélia reclamou e fez uma cara feia, depois fez uma expressão confusa e encolheu os ombros. 

— Mas iremos casar por ansiedade e não por me consolar caso eu perca as eleições. — tentou convencer.

— Ao mesmo tempo que não quero ser seu prêmio de consolação, também não me sinto mal por isso. — o olhou com amor e irritada com seus sentimentos românticos que a deixavam vulnerável. 

— Você não é prêmio de consolação, Cordélia. — roubou um beijo. 

Cordélia sorria olhando a praia. 

— Amanhã é o dia. — ele declarou com um sentimento de tristeza. 

A menina percebia a forma com que o loiro falava então o abraçou junto ao peito. 

— Eu gosto dessa consolação. — esfregava o rosto nos seios dela. 

— Já chega. Chega. — revirou os olhos sentindo a respiração dele em seu decote.

Martin sorria olhando-a. A beijava antes de ir para casa mais uma noite. 

Ficava na cama repensando sua reação caso os números fossem contra ele no dia seguinte. Orava ao Anjo antes de voltar a pensar em Cordélia, sorria pensando em seu casamento justo ao dia após as eleições. Iria rasgar o vestido de noiva em pedaços para ver aquele corpo volumoso completamente nu, mordia os lábios antes de reparar que sua imaginação o levava a enrijecer seu membro viril. Tentou se recompor antes de adormecer. 

Despertava com a abertura das cortinas. Via sua servente completamente branca pelo susto do sol. 

A servente avisava as horas enquanto ele ajeitava a gravata. Iria chegar adiantado para marcar espaço. Já estava escolhida a sua melhor roupa. 

Penteava os fios loiros com uma ansiedade considerável. Sorria nervoso. Voltou a ler seu discurso não usado e também visualizava algumas palavras para caso perdesse. Tinha medo de perder, mas sabia que a possibilidade disso era muito maior. Ouvia conversas abaixo e se apressou a descer. 

— Sabíamos que você iria querer chegar cedo. — Serafim sorriu de lado. 

— Chegou uma mensagem no jornal. De Ariedes Iscantunam. — Teodoro entregou a carta. 

— Muito obrigada, senhores. — respondeu alegre. 

— O senhor é a cara do progresso. — Tarcísio sorriu também enquanto apertava a mão do aspirante. 

O grupo veio subindo a rua e encontraram a tenda da urna ainda vazia. Estavam apenas alguns cidadãos ao redor na rua querendo ver o que ia acontecer. 

— Imagine nas fazendas, como não estarão? — o jornalista dizia observando a fila se formar em frente deles. 

— E o coronel Marques não vai dar as caras? 

— Está atrasado! — Martin olhava o relógio de pulso. 

— Não é só na hora. 

— É na hora de morrer.

— Não diga isso. — Martin reclamou sentindo a ansiedade cobrir sua cabeça. 

— Meu amigo. — James entrava na tenda. — Seria interessante se nos sentássemos para beber algo. 

— Não posso sair daqui com esta ansiedade. — rugiu andando de um lado a outro. 

— Por isso mesmo. — fez sinal para que viesse para fora. 

Magris A história de uma cidadeWhere stories live. Discover now