Capítulo 4♠️

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Quem ela pensa que é para dar ordens? E por que ele não a matou??

A verdade é que Rune tinha noção de uma coisa, se um inimigo estava tão a vontade em sua presença e não ligava para as suas ameaças é porque ele tinha cartas na manga e o jogo feito.

A vilã tinha alguma coisa importante sob seu domínio, e tem, a província, um passo em falso dele aqui e ela mataria a todos, e ele seria o responsável por inúmeras mortes.

Que ela e suas criaturas demoníacas atacavam a província há séculos ele já sabia, desde a guerra da conquista, mas atacaram com mais anfico depois da guerra.

Porém ninguém sabe o motivo, seria por puro domínio? Para derrubar o rei e ela assumir? Por pura diversão e tédio ou porque queria algo maior?  Talvez todas as alternativas, ela é imprevisível.

Um prato de sopa surgiu diante dele, ele olha para a mulher que estava sentada bem distante da cama em uma cadeira.

Usando calças, botas, blusa social aberta até o peito com as mangas dobradas até os cotovelos, tudo preto.

Era a primeira vez que via uma mulher de calças e botas.

Ela não parecia um demônio como os boatos diziam, ela não era nem de longe algo horrível, feio, e até agora ela não cuspiu fogo, mas estava pronto para quando acontecesse.

— O que tem nessa sopa? -ele pergunta.

— Veneno. -ela sorriu.

Ele a olha desconfiado.

— Sugiro que não faça barulho, para todos você está na cela mais podre e deplorável do calabouço, sofrendo como um animal. —ela disse— odiaria decepcioná-los.

— O que quer comigo? -ele grunhiu.

Ela inclina a cabeça.

— Seu rei tem algo que eu quero, general. -ela disse.

Ela brinca com a faísca de um raio entre os dedos.

— Algo que eu estou á procura desde a guerra da conquista. —fala— e eu o quero.

Ele tenta puxar pela memória, a única coisa que o rei tem de valioso é a coroa e o que ele conquistou na guerra, a província de ponta tempestade.

Um riso de escárnio do enorme guerreiro.

— Não terá. -ele disse.

Um riso lento.

— Isso é o que vamos ver. —ronronou— você é a chave para o que eu quero.

— O meu rei não entregará a província apenas para salvar a vida de um soldado. —cuspiu— mesmo que o soldado seja eu.

Ela riu, gargalhou, na verdade.

— Que divertido. —seus olhos brilham— sua estádia aqui será interessante, general...

Ele grunhiu para ela e ela riu se erguendo.

— Se não fosse tão bruto e cheio de marra com questões de... Honra. —riu caminhando até a porta— poderíamos nos divertir bastante... -ela sorriu felina.

— Nunca. -ele disse.

Outra gargalhada.

— Resista o quanto quiser, guerreiro, no fim da guerra veremos quem estará de pé e quem estará ajoelhado. -fala.

Ele rosnou e ela abriu a porta.

— Meu nome é Rysandra. —ela disse— você tem total liberdade para andar por esta casa e explorar cada canto, mas se tentar fugir ela se tornará um labirinto enlouquecedor.

Ele a olhou, ela não o prenderia tecnicamente falando em um buraco escuro?

— Agora coma. —fala— antes que a sopa esfrie.

E ela saiu batendo a porta, o deixando sozinho ali com seus pensamentos.
Ele encara a sopa. (Veneno).

Ele farejou a mesma, não sentia o cheiro forte de alguma especiaria venenosa, as suas mágicas pavon não detectaram perigo, sopa, apenas uma sopa comum.

Ele ergueu a colher ainda receoso e a levou a boca, o líquido quente tocando seu paladar em uma explosão de sabores, ele suspirou mesmo que irritado.

Ele tinha que arranjar uma forma de avisar ao seu rei o que estava havendo.

...

Depois de um longo debate mental com sigo mesmo, Rune descidiu levantar a bunda da cama e sair daquele quarto, ele teria que explorar, teria que estudar aquela sua prisão e ver as chances de fuga.

Verdade seja dita, ele não poderia ir a lugar nenhum com uma asa quebrada, e teria que esperar no mínimo uma semana ou duas para sua cura a deixar nova em folha.

Ao se deparar com os corredores da casa, ele percebeu que a casa em si não era gigante, a cada dois corredores ele se deparava com mais quartos, descendo escadas de mármore frio branco ele vê uma porta no hall de entrada da casa, uma saída.

Ele caminha até ela e leva a mão a maçaneta, trancada, ele tenta forçar e percebe um brilho sob a porta como uma cortina, um feitiço de selamento.

Esperta, é claro que saberia que é o primeiro lugar que iria tentar, a casa em si era muito iluminada, cheia de janelas mas todas protegidas com feitiços fortes, não era um buraco escuro ou um castelo sombrio no meio do inferno, ao menos.

Ele seguiu por outro caminho, então se deparando com uma cozinha, havia uma fruteira repleta de frutas exóticas e coloridas. Ele desviou da cozinha e continuou seu trajeto.

Até agora a sua prisão era bastante enfeitada, onde estaria agora a sua carcereira?

Ele chegou a uma porta, estava trancada, ele deu passos para trás e constatou que saberia o que havia ali depois.

Ele seguiu mais um corredor chegando enfim ao último cômodo, uma grande sala com uma enorme mesa cheia de cadeiras, em uma sacada, não havia janelas, apenas colunas bem esculpidas no gesso, alguém facilmente poderia cair dali.

Ele caminhou até a sacada olhando para baixo,  mar, havia mar e pedras lá embaixo, ele olhou adiante para o céu ensolarado e o oceano, ao longe uma tempestade que separava o clima quente do tempestual, onde ele estava?

Ele enfiou a mão ali e sua mão não passou, um escudo de magia o impedia.

— Tomando um pouco de Sol? Faz bem.

Ele se virou para olhar para a mulher atrás dele alguns metros longe, não muito.

— Olá, herói.

— Para onde me trouxe?

— Há muitas perguntas para poucas respostas, meu querido. -ela fita o oceano.

Ele franze o cenho para o mar mas seu olhar de relance está na mulher.

— Pensando onde estão as montanhas foços gritos de dor e choro? -ela pergunta.

Não houve resposta.

Mas Rune se perguntava onde ela estava escondendo as salas de tortura, as delas sufocantes onde ela enfiou muitos de seus homens.

A raiva lhe subiu como fogo e ele apertou as mãos em punhos.

— O que pretende? Por que ainda não me matou? -questiona ele.

— Você já sabe, preciso de você inteiro. —ela se vira— será algo justo.

— Acha isso justo? -ele pergunta amargo.

Ela o olha e os olhos da mulher perderam qualquer brilho de provocação, havia sumido e estava sem alma.

— Comparado ao o que seu rei tem, é mais do que justo. O que o seu rei tem, é muito precioso.

Rune rosna para ela.

— Não vai conseguir.

— Já consegui você, o que disseram que seria uma tarefa muito difícil. —um riso— estou com o general mais poderoso, o resto será tão fácil quanto se respirar.

*Até o próximo capítulo, deixem seu comentário e seu voto pfvr ❤️*.

Entre Heróis E Vilões Where stories live. Discover now