Capítulo 9♠️

78 17 1
                                    

Minutos depois de ficar refletindo ele voltou ao seu quarto e percebeu que a mulher em sua cama tremia, seus lábios tremiam e saíam um som da respiração trêmula entrecortada.

Ao se aproximar ele vê a sua testa suada e ao levar a mão ali percebe e ela está muito gelada, uma febre interna.
Ele pegou um pano molhado e passou sob sua testa com cuidado, ouvindo os murmúrios da mulher.

— Por que escolheu eles? -um sussurro escapou dela.

Ele para e a observa, ela estava delirando.

— Por que não me escolheu?

Ele a fita por alguns segundos.

— Me renegou...

Um choramingo dolorido que fez o guerreiro se encolher levemente.

— Shh. —ele cicia— está tudo bem.

Ela moveu o rosto para ambos os lados, como se estivesse tendo um pesadelo.

— Eu estou aqui. —ele murmura em um suspiro pesado— eu estou aqui com você, não está sozinha.

— Não é o vilão da história? -um sussurro muito baixo que se esvaia aos poucos.

Rune inclina a cabeça surpreso com a pergunta, não sabia se era para ele ou se era mais um delírio dela, era estranho ouvir a vilã perguntar se ele era o vilão, mesmo que indiretamente naquela situação.

— Prefiro acreditar que sou o herói da sua. -ele murmura.

E silêncio ecoou no quarto, a tremedeira e os grunhidos de dor haviam parado assim como as palavras da mulher, ela parecia agora estar apenas em um sono profundo.

Rune se deixa despojar na cadeira e observa a mulher desacordada em sua cama.

Havia muitos segredos que ele precisava descobrir sobre ela. Muitos.

Seu olhar então finalmente se desviou do rosto dela e desceu ao território proibido, o seu corpo, ele se culpou por não manter o cavalheirismo mas não conseguiu mais tirar os olhos quando finalmente pousaram naquela que só poderia ser nomeada como escultura divina, o corpo da mulher era uma imagem estonteante, as curvas e a pele levemente parda, cada depressão e linha bem modelada de seu corpo, como se um artista tivesse pintado aquela mulher por anos até chegar a perfeição que é ela em si por completo.

Ele percebe uma cicatriz média em seu abdômen onde uma tatuagem branca de um trovão estava traçada por cima.
Rune tinha uma cicatriz parecida no abdômen mas era menor que a da mulher, e uma cicatriz no pescoço.

Seus olhos vão para o pescoço dela e ele percebe uma cicatriz ali, diferente dela a dele era quase uma linha contornando o pescoço.

A da mulher eram exatas três marcas de garras na lateral direita do pescoço que iam até o centro de sua garganta.

Ele arqueia a sobrancelha para aquilo, algo havia a machucado seriamente ali, um rasgão daqueles na garganta poderia a matar na hora.

Mas não matou.

.....

Em algum momento ele havia pegado no sono em uma posição nada confortável na cadeira, e ao acordar ele percebe que a mulher estava se mechendo em sua cama, na verdade, finalmente acordando.

Ele olha para a janela de seu quarto e percebe o Sol se pondo, ele havia dormido demais e ela demorado demais para acordar de seu desmaio.

Rysandra abriu os seus olhos com a visão turva percebendo que não estava em seu quarto, não estava em um lugar que conhecia.

Ela fita um teto estranho e então as paredes, seus olhos agora com a vista finalmente voltando a normal.

Quando todas as formas se encaixaram ela se depara com uma figura de asas grandiosas sentado na cadeira ao lado da cama.

Ela pisca algumas vezes e por segundos se manteve calada para ter certeza de que era aquilo mesmo.

Ela abriu a boca.

— Mas que porra...

Seu palavrão não terminou de ecoar quando ela sentiu ums ligeira pontada de dor na região da coxa, seus olhos se semicerram e seu rosto se contraiu com aquele incômodo, ela olhou para baixo em direção a sua perna direita, vendo ali um corte considerável grande.

— Cacete. -murmura observando o mesmo.

Completamente fechado a inúmeros pontos, alguns pontos desleixados mas que se mantiveram firmes segurando o ferimento.

— Você quem costurou? -ela olha para o herói.

Não sabia se estava mais surpresa por ele não ter a deixado morrer naquela floresta e a trazido para sabe sei lá onde ou se por ele ter se dado ao trabalho de dar pontos em seu corte e cuidar dela.

Rune a olha por alguns segundos antes de responder.

— Sim.

— Por que? -ela pergunta.

— Se queria o ferimento aberto eu posso rasgar os pontos agora mesmo. -ele fechou a cara.

Ela fez o mesmo.

— Só perguntei porque você em outras circunstâncias me deixaria sangrar até morrer. -ela disse.

— Você está morta?

Ela nega.

— Então está com sorte, não a deixei sangrar até morrer. -ele disse.

— Isso é o que mais me impressiona, herói. —ela disse— costuma ser o herói nas histórias dos vilões?

— Não sou o seu herói. -ele rebate calmo.

Ela o olha por alguns segundos.

— É sim.

Ele a olha por segundos longos.

— Só a salvei para não sentir a dor do laço caso morresse. —ele deixa claro— não sou obrigado a carregar esse fardo por toda minha existência.

Ela cruza os braços e o encara irritada.

— Não adianta me olhar assim, eu não ligo. -ele disse.

— Estou indo embora. -ela desliza na cama.

Ao ficar de pé ela sente uma pontada de dor e balança completamente tonta, antes de ir ao chão o forte guerreiro a segurou.

— Não pode ir embora nesse estado, ao menos de pé consegue ficar. -ele disse sério.

— Você nem liga, me deixe em paz. -ela estapeou o seu peito.

Ele rosnou e o som a fez erguer o olhar em direção ao dele.

Aqueles olhos azuis violetas estavam tão bravos quanto os olhos prata mercúrio do guerreiro.

— Me solte. -ela murmura quase rosnando.

— Por uma ironia do destino eu não poderei solta-lá por mais que eu queira, por toda a eternidade eu terei que segurar você e não deixá-la cair. -ele disse diante de seu rosto, a sua respiração beijando o rosto da mulher.

Ela ergueu uma perfeita sobrancelha para ele em desafio e ele não recuou, a olhou de volta, da mesma forma.

Ela desliza até a cama e ele a soltou, enfim sentindo que uma luta contra ela venceu, no entanto a mulher cruzou os braços irritada e o olhou como se fosse uma criança birrenta.

— Isso não é justo.

— A vida não é justa. -ele disse.

Então quando ele se virou, pelo reflexo do espelho a sua frente ele pôde ver a mulher mostrar a língua para ele e fazer careta.

Ele ergueu as sobrancelhas surpreso mas não ousou se virar novamente para a encarar.

Mas ao chegar ao portal da porta do quarto ele disse:

— Eu vi isso.

*Até o próximo capítulo, deixem seu comentário e seu voto pfvr ❤️*.

Entre Heróis E Vilões Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin