Capítulo 22♠️

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Agora a sós, Rune fita Rysandra de longe, lhe faltava palavras e o guerreiro se perguntou se realmente precisava delas, mas algo deveria ser dito ali, então ele deu o primeiro passo e disse:

— Me desculpe.

A vilã piscou em surpresa e tirou sua atenção do campo de raios ao qual o havia trazido para ver, a noite silenciosa.

— Como? -ela pergunta.

— Me desculpe pelo o que aconteceu naquele dia. -ele murmura.

Ela solta um suspiro que ele pôde interpretar como um suspiro de cansaço, um cansaço de anos, talvez séculos, séculos de cansaço nas costas.

A mulher havia soltado o suspiro e ali se rendeu, ela cansou de lutar, cansou daquela briga de cão e gato.

— Eu também disse coisas naquele dia. -ela disse.

— Mas você disse apenas verdades, eu não disse.

Ele suspira e fita o chão.

— Menti inúmeras vezes apenas para que você não soubesse o que escondo embaixo da armadura. -ele disse.

— E o que há embaixo dela?

— Um coração.

— Um coração sozinho não bate por dois. -ela repete o que disse naquele dia.

— Mas ele estava batendo no mesmo ritmo que o seu desde que nos vimos mas a armadura não te deixou ouvir. -ele disse.

Um raio brilhou no céu e um manto de chuva caiu como a mulher havia dito que aconteceria, então ao olhar para cima o guerreiro se deparou com o show de luzes catastróficos da tempestade. Algo perigoso e lindo, mortal mas belo.

Trovões rugiram como tambores rufando dentro das nuvens escuras que eram iluminadas por cada raio que as cortava.

O guerreiro estava molhado, suas asas encharcadas e pesadas, os cabelos grudando em sua testa.

Ele baixou o olhar e fitou a mulher que até então o observava, olhou no fundo daqueles olhos crepusculares e ele teve que admitir naquele momento, tudo o que ele amava reside naqueles olhos.

O desafio, as provocações, o desejo, o fervor, a guerra, a paz, a noite estrelada rumo ao crepúsculo, era tudo o que ele amava e estavam presos naquelas íris azuis violetas.

— Você é a minha calma, minha fúria e meu silêncio. —ele murmura— é a minha salvação ou destruição, se for para me salvar, me salve, mas se for para me destruir, saiba que tudo em mim pertence a você para fazer o que quiser.

Ele ficou cada vez mais próximo dela.

— Minha doce e cruel enemy. -ele sussurra.

Ele a puxou pela cintura, colando ela ao seu corpo.

— Realmente é fácil te amar, difícil é não te amar e te esquecer. -ele disse.

— Você acabou de dizer...

— Que eu a amo. —ele fecha os olhos enfim admitindo— eu te amo, Rysandra.

— Ama a vilã cruel que escraviza almas? Que se transforma em algo horrível e assombroso? -ela murmura.

— A sua beleza nunca me assustou.

Ele abriu os olhos e pôde ter a visão dos dela brilhando, como se uma galáxia houvesse sido presa ali, uma galáxia de raios e estrelas.

— Sem ódio?

— E onde estaria a graça se não tivesse?

Ela sorriu divertida.

Entre Heróis E Vilões Where stories live. Discover now