Capítulo 11

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CONTEÚDO A SER REVISADO









Capítulo 11



Aélis




Observo a imensa quantidade de estrelas bagunçadas no céu, mas que de alguma forma, parecem tão perfeitas e até me deixam tonta, com o sentimento de que essa visão não é real. Como se essa noite fosse um sonho distante, e eu não consigo dar uma razão a isso.

Eu estou no parapeito de uma rua próxima a praia, vendo no horizonte o mar encostar no céu. Há um grupo de pessoas brincando na areia da praia, eu consigo ouvir o som ao fundo de suas risadas. Eu vim aqui com eles, todos os jovens e perigosos criminosos que fazem parte da nossa facção, mas estou aqui, em um canto afastada sentindo meus pensamentos me consumirem como uma névoa devastadora.

O aperto em meu coração revela que não estou bem. Eu estou me sentindo assim há algum tempo, mas não sei o que vem me provocando essa angústia. Talvez seja o meu passado que não quer me deixar seguir em frente. Talvez eu pensava ter superado tudo o que meus pais fizeram a mim, quando na verdade, eu só estava me agarrando a uma felicidade momentânea.

De vez em quando eu me sinto como aquela garota estúpida e vulnerável que eu era na infância, e então fico calada por diversos minutos, talvez até horas, lidando com os sentimentos perturbadores em meu coração.

Fecho os olhos, respirando o ar fresco e salgado da praia. Uma brisa fria acaricia o meu rosto e balança o meu vestido, fazendo alguns calafrios percorrerem o meu corpo.

— O que você está fazendo aqui? Vamos lá para dentro. Essa noite está bem fria.

Um sorriso fraco surge em meus lábios com a familiaridade da sua voz. Tobias.

Olho para trás, vendo-o se aproximar esfregando uma mão na outra para se aquecer.

— Eu só queria... pensar, eu acho. Ultimamente vem acontecendo tantas coisas que momentos para pensar são raros. — Dou de ombros com um fraco sorriso na sua direção, voltando a me perder na imensidão e beleza do mar e céu da noite.

— Tá se sentindo sobrecarregada? — Ele pergunta e eu fico em silêncio.

Não, não é isso. O que estamos fazendo não me afeta, é até divertido na maioria das vezes. Eu tenho tantas coisas para dizer, para desabafar e pôr para fora, como o meu passado está voltando a tona mais uma vez e me deixando fraca quando eu deveria estar mais forte que nunca, como não importa quanto tempo passe, esse maldito trauma é algo que vou carregar a vida inteira.

Mas eu só fico em silêncio, sentindo o peso de tudo isso em meu coração.

— Acho que precisamos de férias. — Ele diz tentando amenizar o clima.

Eu franzo o cenho.

— Acho que não. Quanto mais tempo eu passo desocupada, mas me sinto dessa forma...

— "Dessa forma" como, Angel?

Não desvio o olhar da vista a minha frente, dando tudo de mim para não deixar essa fraqueza transbordar. Tobias é uma das poucas pessoas a quem eu deixo ver minhas fraquezas, mas deixá-las transbordarem agora não é uma opção.

Aélis - Alerta Perigo! - Parte 2 (CRIMINOSOS EM SÉRIE)Onde histórias criam vida. Descubra agora