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Capítulo 69
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Miguel
Estou em uma sala da delegacia. Meu pai está sentado ao meu lado.
Meus ombros estão caídos e meu olhar permanece focado no chão. Uma algema envolve meu pulso direito, mantendo minha mão presa ao cinto que colocaram na minha roupa.
Acho que nunca me senti dessa forma. Poderia levar vários socos, chutes e pontapés e ainda assim, não sentiria nada. Que merda foi essa? Não deixo de me perguntar várias vezes.
Nada faz sentido. Minha mente nunca esteve tão confusa e meu coração nunca esteve tão malditamente aliviado.
Eu estava certo de que ela morreria e eu estava disposto a ir com ela.
Caralho... eu estava disposto a morrer com ela.
Meu pai coloca sua mão em meu ombro, me fazendo emergir dos meus pensamentos.
— Já fui preso. — Ele admite e eu olho em sua direção.
Acho que ele nunca me disse algo assim. Sempre pensei em meu pai como alguém que tinha superado tudo e qualquer coisa sem se deixar ser pego. Isso me motivava a nunca ser pego.
— Foi uma das piores experiências da minha vida. — Ele diz e eu engulo o desconforto que se acumula na minha garganta, e ele sorri. — Mas não pense errado. Não foi a pior experiência porque eu estava preso, mas sim porque sua mãe tinha me deixado naquela época. Pensei que enlouqueceria, meu coração desejava ela mais do que qualquer coisa no mundo, e eu não a tinha.
Olho para a palma da minha mão. O que ele quer dizer com isso?
— Você tem a sua garota, não tem?
Eu assinto, ainda sem conseguir acreditar que posso responder que sim, quando horas atrás eu estava certo de que ela morreria.
