capítulo 7

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capítulo 7.

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andré.

é impossível ter uma reação coerente diante do que acabei de ouvir.

sinto-me anestesiado por meus próprios sentimentos, sem saber o que dizer, sem saber o que fazer diante da constatação de que meu pai, meu próprio pai não só matou a mulher que amava naquele incêndio junto com meu filho como também provocou a morte da única pessoa que eu ainda tinha no mundo.

"só não te mato agora porque a doença já vai fazer isso por mim". disse em tom de voz ríspido, retirando-me do quarto antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa.

eu estou vivendo um pesadelo acordado.

o pior é que mesmo que eu tentasse contar a verdade a imprensa, até mesmo a polícia não teria provas.

seria a minha palavra contra a dele, seria a palavra de um médico moribundo que provavelmente não passaria daquela noite contra a do grande giuseppe greco.

sem dizer mais nada, retirei me da casa, voltando aquela mansão coberta por hipocrisia.

aquele martírio duraria por mais quanto tempo?.

"posso saber aonde você estava?". encaro o assassino da minha família, tentando engolir mais uma vez aquele veneno e esconder o que sinto, se ficar pensando demais vou acabar matando ele com minhas próprias mãos.

"você pagou quinhentos miu reais ao médico pra provocar a morte da minha filha!". "o que você tem na cabeça, giuseppe?". "que tipo de pai é você?". "que tipo de homem é você?". você não tem alma?". "você não tem um pingo de amor pelos seus filhos?".

ele permanece inabalável, a expressão frívola.

"você começou a beber cedo hoje né?". "qual é o seu problema?".

"nunca estive tão Sóbrio em toda minha vida!". "o próprio médico que te ajudou nessa loucura me contou".

"a pergunta que não quer calar andré". "ele tem provas para me acusar da morte da minha própria neta?". ""se você me der uma prova do que está falando eu mesmo me entrego para polícia".

suas palavras provocam em mim uma fúria tão desmedida que meu sangue parece ter virado água gelada.

"você é um carma na minha vida, eu vou embora dessa casa hoje mesmo, não suporto mais ficar perto de vocês, vocês estão acabando comigo!".

ele se aproxima com passos lentos de mim, me deixando em alerta.

"você percebeu as tragédias que aconteceram com você quando se afastou de mim, não percebeu?". "você não pode sair dessa casa, não pode se afastar de mim, não pode sair dessa família". "você é o meu primogênito, o meu herdeiro, o único filho que eu realmente planejei e vai ficar aqui". "você só vai sair dessa casa no dia da minha morte ou até mesmo da sua, se eu não decidir deixar seu corpo dentro de uma caixa se transformando em um objeto de decoração da minha sala".

ele sempre foi extremamente obcecado por mim, desde muito pequeno.

de acordo com minha mãe eu fui o único filho que meu pai acompanhou o parto, todo o pré-natal, o único filho que realmente planejou até mesmo a cor das roupinhas.

os demais foram apenas para completar a família, eu fui o preferido, e essa maldição pesa na minha vida ainda hoje.

"mas o que você pode fazer contra mim que já não tenha feito?". "não há mais nada que me prenda aqui, e eu duvido você me manter aqui dentro contra a minha vontade".

família greco.Where stories live. Discover now