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A solução perfeita era parar de assistir os treinos de Thundra, talvez assim a situação se tornasse melhor

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A solução perfeita era parar de assistir os treinos de Thundra, talvez assim a situação se tornasse melhor. Amélia não gostava da sensação que tomava conta do seu corpo sempre que Mara tocasse em alguma parte do corpo de Thundra, elas eram amigas há anos, claro que haveria uma certa intimidade entre elas.

Ainda assim, ela não conseguia deixar de sentir que talvez aquele fosse um sinal de que as coisas nunca seriam do jeito que ela queria. No mundo que existia fora da sua cabeça, Thundra escolhia Mara, porque era sem dúvida alguma o que mais fazia sentido.

— Se você acha que é o melhor para si mesma, eu apoio. — Adara comentou sobre a situação, abrindo o seu cacifo. — De qualquer forma, todo mundo sabe que elas são apenas amigas e nada mais para além disso.

— Ainda acho que essa é a melhor decisão, não é saudável eu me sentir tão mal vendo duas amigas trocando gestos carinhosos, nós fazemos isso o tempo todo. — respondeu. Ela encostou nos cacifos observando a sua amiga. — Para além disso, ela agora conhece o meu rosto, o que significa que pode me reconhecer a qualquer momento.

— Achei que você fosse invisível aos olhos dela. — brincou.

— Sou invisível aos olhos dela no sentido de ela apenas me ver, não enxergar.

— Qual é a diferença?

Amélia suspirou, aquilo podia parecer loucura, mas ela acreditava que havia modos de invisibilidade. Havia um que tornava todas as suas vontades irrelevantes aos olhos da sua mãe; havia um que a obrigava sempre a lembrar o seu nome a alguns professores; havia um que impedia que ela fosse atacada nos corredores por bolas vindas de ângulos aleatórios e, por fim, o que fazia com que Thundra a pudesse ver mas não a enxergar.

Thundra a via, assim como via qualquer outra pessoa, apenas mais um corpo andante afetado pela gravidade, apenas mais um coração barulhento desesperado por vida, apenas mais uma alma no meio do universo.

Adara abraçou o seu braço e passaram a caminhar pelos corredores. Faltavam apenas alguns minutos para que as aulas começassem, Amélia precisava subir até ao terceiro andar para a sua aula de Química mas antes disso acompanhou Adara até a sua sala.

— Você ainda não me contou como é trabalhar com a sua paixão. —  indagou sorrindo de forma sugestiva. Amélia tentou ignorar mas acabou sorrindo também, era quase inevitável, Adara tinha a pele tão pálida que as suas veias marcavam as suas bochechas sempre que ela sorrisse. — Há uma tensão? Você pensa em agarrar ela e se declarar de vez?

Amélia revirou os olhos, se ao menos fosse assim tão fácil.

— Não há tensão nenhuma, nós mal conversamos.

— Aposto que há sim e você fica morrendo com vontade de beijar ela.

— Já chega! — resmungou se soltando do abraço dela. — A sua sala é no final do corredor, eu ainda preciso subir dois andares.

649 000 000 km de Júpiter à Saturno | ⚢ Where stories live. Discover now