Saturno Amélia Jordin sabia que não era especial, e aceitava bem o facto de sempre passar despercebida aos olhos das outras pessoas. Após anos e anos se questionando o porquê de nunca conseguir sobressair, ela finalmente aceitou que a sua existência...
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Faltavam duas horas para o horário de encerramento, o clima estava mais leve e Amélia terminava de limpar a mesa onde uma mulher entornou o seu chá verde. Noah tentou ficar à sua espera no lado de fora da cafetaria, felizmente Leon conseguiu o convencer de que aquele não era o melhor lugar para conversar.
Ela sabia que aquela não seria a sua última tentativa de explicar o seu lado e, apesar de saber que precisava sim dar uma chance ao seu pai para se explicar, Amélia tinha medo do que seria obrigada a ouvir.
A sua mãe, a mulher mais forte que ela conhecia, desmoronou completamente quando descobriu que estava sendo traída, principalmente quando a outra mulher confessou ter engravidado em algum momento da relação. Uma gravidez que, infelizmente, não chegou ao fim. Diana, por mais que tentasse, não conseguiu voltar a ter outro filho e de alguma forma sentiu que isso afetou o seu casamento.
Houve um tempo em que a sua mãe mal conseguia levantar da cama, Amélia ficou responsável por todos os deveres da casa, assim como o de cuidar da sua mãe. Por sorte, Carina, sua tia, sempre esteve disposta a ajudar.
E mesmo depois de tanto desgosto, Diana perdoou o seu marido.
— Então, como você está? — Thundra indagou. Após o que aconteceu na cozinha, Amélia se retirou e passou poucos minutos no balneário tentando se acalmar. Ver o seu pai a afetava de formas inexplicáveis, a fazia lembrar de todos os meses em que teve que dar banho à sua mãe porque ela não conseguia fazer nada sozinha. — Não precisava responder se não quiser.
— Eu estou bem. — disse simploria. — E obrigada pela ajuda!
— Não foi nada de mais. — disse colocando alguns pratos no lava-louça. Amélia limpava o interior do forno, uma das tortas tinha fermento a mais e acabou por explodir. — O café que temos aqui está quase no fim, onde fica o armazenado?
— O Leon guarda no seu apartamento, a dispensa é abafada demais. — respondeu tirando o seu tronco de dentro do forno. O seu cabelo estava preso dentro de uma touca de algodão, haviam vestígios de óleo do forno no seu rosto e nas luvas que usava. — Depois eu peço a Evie que vá buscar, um dos trabalhos dela é garantir que não falte nada na cozinha.
Thundra assentiu e voltou a prestar atenção no que estava fazendo. Amélia a observou por alguns segundos até se levantar e colocar as luvas no lixo. Ela não parava de pensar no que Adara tinha dito, talvez fosse mesmo a hora de seguir em frente, mas como ela conseguiria fazer isso quando passava a maior parte do seu tempo ao lado da dona dos seus suspiros apaixonados?
Por vezes ela se perguntava, se Thundra sabia o quanto era linda, o quanto seu sorriso era capaz de iluminar o seu dia, o quanto ela desejava sentir a textura do seu cabelo e o quanto o seu coração implorava para a ter.
Lamentavelmente, as suas fantasias não se tornariam reais, Thundra mereceria alguém com coragem suficiente de se declarar e lidar com as consequências disso.
