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Amélia considerava a melhor parte do dia, o momento em que chegasse a hora de sair da faculdade

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Amélia considerava a melhor parte do dia, o momento em que chegasse a hora de sair da faculdade. Apesar de ser o lugar onde ela via os seus amigos constantemente, era também o lugar onde ela se sentia mais frustrada. Durante a última aula, ela ficou à espera que Nicolas aparecesse, mas isso não aconteceu, o que a fez ficar preocupada.

Andando pelos corredores, ela olhava para tudo o que era canto onde Nicolas poderia ter se enfiado apenas para não assistir a aula. O professor de Serviços de cozinha tinha uma implicância inexplicável com Nico, o que tirava completamente a sua vontade de aparecer.

A pasteleira parou frente ao seu cacifo, de braços cruzados, examinou toda aquela área buscando pelo jovem de cabelos cacheados e pele achocolatada. Durante a sua busca, ela notou um grupo de meninas caminhando na sua direção, e do outro lado do corredor estava Thundra, sentada nos degraus para o andar de cima, conversando com Milo e Mara.

Uma das garotas do grupo assobiou e mandou um beijo para a capitã, ao mesmo tempo que as outras soltavam risadas. Aquilo acontecia mais do que deveria, a maioria do pessoal daquela faculdade não escondia o fato de estarem interessadas nelas, tornando muitas vezes o clima desagradável.

— Você viu ela sorrindo? — uma delas soltou. — Aposto que também gosta de você.

Amélia revirou os olhos, desistiu de procurar por Nicolas e abriu o seu cacifo. Enquanto encarava o seu reflexo no pequeno espelho do interior, um corpo chocou contra o seu, fazendo a sua cabeça bater no cimo da porta. Ela sabia que não adiantaria exigir um pedido de desculpas, provavelmente a pessoa nem sequer a tinha visto. Ela fechou o cacifo e suspirou, estava farta daquela vida.

Ao se virar para ir embora, ela notou que Thundra a encarava. Aquele era mais um dos momentos em que desejava poder se tornar invisível, mas esse pensamento desapareceu ao se lembrar da conversa que teve com a jogadora.

Juntando toda a coragem que ela não sabia que tinha, Amélia levantou a mão e acenou, não esperando ser retribuída com entusiasmo.

No entanto, os lábios de Thundra formaram um belo sorriso e a sua mão foi levantada para corresponder à saudação.

Ela sentiu-se uma tola por estar satisfeita com tão pouco.

Haviam vezes em que Amélia desejava ter a vida de outra pessoa. Era de conhecimento geral que ninguém era cem por cento feliz com a vida que tinha, mas ela imaginava que qualquer outra realidade seria melhor que a sua. Ela gostava de pensar como seria viver em uma realidade em que pudesse conviver com os seus pais sem ter vontade de desaparecer do mundo; como seria ter uma mãe amável e um pai que se importasse.

Aquele era um dos dias em que o autocarro mudava de trajeto e por isso demorava um ano para chegar à paragem da sua faculdade, por isso, ela colocou os fones e decidiu caminhar até à paragem à três ruas abaixo. Ao longo do tempo de espera do autocarro, ela observou Adara subindo no carro da sua mãe, e claro, como sempre, ela foi recebida por um sorriso carinhoso e um abraço de saudade.

649 000 000 km de Júpiter à Saturno | ⚢ Where stories live. Discover now