Saturno Amélia Jordin sabia que não era especial, e aceitava bem o facto de sempre passar despercebida aos olhos das outras pessoas. Após anos e anos se questionando o porquê de nunca conseguir sobressair, ela finalmente aceitou que a sua existência...
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O tempo tinha o hábito horrível de congelar em momentos inapropriados, momentos em que tudo o que Amélia desejava fazer era fugir. A festa pareceu congelar também, a música deixou de tocar, os convidados tornaram-se invisíveis e todo o ambiente festivo pereceu.
Entre todo aquele silêncio sufocante, Amélia mantinha os olhos na sua mãe. Fisicamente, ela continuava a mesma: os mesmos olhos negros, cabelo curto, pele escura e corpo magro, tal e qual como a pasteleira se lembrava.
- Diana?! - Carina chamou. - O que você está fazendo aqui?
- É o aniversário dos meus sobrinhos, achei que não teria problema em passar por cá para cumprimentar. - respondeu. O seu olhar mantinha-se na sua filha. - Vejo que decidiram comemorar sem me avisar.
- Era suposto ser algo apenas entre amigos, não achamos que a tia fosse se interessar em passar tempo com adolescentes. - Lila explicou.
- Mas poderia interessar-me em passar tempo com a minha filha.
Inconscientemente, Amélia apertou a mão de Thundra, atraindo logo a atenção de Diana para aquele gesto. A pasteleira tentava controlar a sua respiração, o seu corpo tremia e os seus olhos ardiam tentando expulsar as lágrimas que neles se escondiam.
- Podes interessar-te em fazer isso fora da festa dos meus filhos. - Carina retrucou. - Sem drama, sem brigas e sem a falta do bom respeito que todos gostamos e exigimos.
Diana soltou uma risada.
- Essa é a vida que escolheste, não é? - indagou.
Amélia estremeceu.
- Desculpa a minha indelicadeza Diana, mas vocês não terão essa conversa aqui. - Lucas interviu. - Acho que a Saturno merece mais que isto.
- Nós poderíamos ter tido esta conversa a muito tempo, se ela não passasse a vida a fugir dos seus problemas.
- Aparentemente todas as pessoas a tua volta fazem de tudo para fugir de ti, pergunto-me qual será o denominador comum. - Carina proferiu.
Diana virou-se para encarar a sua irmã mais velha.
- Não te metas num assunto que não te diz respeito, a minha relação com a minha filha não tem nada a ver contigo.
- Tem sim quando sou eu quem precisa consolar ela quando a mãe dela só se importa em perdoar traições e stalkear a amante do marido.
- Carina, já chega! - Lucas disse, segurando o seu braço. - Não vamos fazer isto frente às crianças, principalmente frente à Saturno.
Diana voltou a olhar para a sua filha. Amélia continuava calada, esmagando a mão de Thundra com a sua, seus lábios tremiam e seu estômago revirava. Aquele não era o momento certo para conversar com a sua mãe, não naquele lugar, não naquele estado e, precisamente, não a frente de Thundra.