— Eu sempre quis saber como é a sensação de dançar sob a chuva. — Amélia expressou; as horas mortas dominavam o ambiente, o céu encontrava-se totalmente dominado pelas nuvens que o cobriam. Pequenas gotas d' água caíam dele, e o barulho delas chocando contra o chão cortava a atmosfera silenciosa.
— Que aleatório. — Thundra respondeu, sorrindo.
— Eu sei, mas é algo que sempre quis fazer.
Ambas estavam sentadas nas bordas da porta que levava ao parapeito, a temperatura baixa fez com que Thundra se aconchegasse numa das colchas verdes de Amélia, enquanto a pasteleira era aquecida pela sua camisola de bolos de arroz. Estavam sentadas uma à frente da outra, Amélia esticou a sua mão para fora e sentiu as gotas frescas caírem sobre ela.
A jogadora ainda examinava o quarto alheio, a pasteleira gostava de cores, transparecia isso a todo momento. As paredes do lugar eram beges, com desenhos de nuvens, havia também cartazes de algumas bandas presas nelas; flores artificiais verdes ocupavam a maior parcela de espaço, elas estavam presas nas paredes, no ventilador do teto, por cima da cabeceira da cama amadeirada e nas cómodas. Não havia muito mais que isso, apenas um espelho ao lado do guarda-roupas e uma secretária azul.
Thundra voltou a encarar-lhe, ela ainda mantinha a sua mão ao relento. Saturno era linda. O seu cabelo estava solto, seu rosto sereno e sua pele mais macia que antes.
— Nós deveríamos conversar? — a pasteleira indagou.
— Sinto que sim, mas não sei sobre o quê. — respondeu.
— Para onde você acha que isso…— apontou para si e depois para Thundra. — …vai chegar?
— Espero que para o mais longe possível. — sorriu. — Eu quero você, não só para trocar carícias e beijos, eu quero algo sério.
— Eu também quero algo sério, mas por onde começamos? — Thundra franziu o cenho, ela não sabia como as coisas funcionavam? Amélia entendeu a confusão e explicou: — É a primeira vez que faço isto.
A jogadora a encarou durante alguns segundos.
— Quer dizer que tu…?
— Nunca me envolvi com alguém. — assentiu. — Isso mesmo.
— Então o beijo…— começou, apontando na direção da cozinha.
— Foi o meu primeiro. — interrompeu.
Thundra ajeitou a postura.
— Por que não me contaste? Talvez eu…
— Terias desistido? — supôs. — Não contei porque não achei que fosse relevante.
— Talvez eu tivesse tentado uma abordagem mais calma. — completou. — As primeiras vezes devem ser especiais, não numa cozinha com uma jogadora vestida de dançarina noturna.
YOU ARE READING
649 000 000 km de Júpiter à Saturno | ⚢
RomanceSaturno Amélia Jordin sabia que não era especial, e aceitava bem o facto de sempre passar despercebida aos olhos das outras pessoas. Após anos e anos se questionando o porquê de nunca conseguir sobressair, ela finalmente aceitou que a sua existência...