𝗕𝗘𝗟𝗭𝗘𝗕𝗨 • ꪜỉꪜꪖ

11 - 𝙽𝚘́𝚜 𝚗𝚊̃𝚘 𝚜𝚘𝚖𝚘𝚜 𝚑𝚞𝚖𝚊𝚗𝚘𝚜, 𝙺𝚊𝚛𝚊.

Com a questão feita por Kara Zor-El, por breves segundos o silêncio pairou no ar enquanto Lena tentava alinhar seus pensamentos. Se preparava para um diálogo preso ao assunto em algum momento, mas não considerou que pudesse o ter junto de mais pessoas, muito menos na presença de alguém que mal conhecia. Alex Danvers ainda era uma incógnita muito maior do que a própria Zor-El, e com isso Lena Luthor não esperava ter que lidar, sequer sabia como.

- Não tem que responder se não estiver pronta, podemos aguardar uma outra ocasião se preferir - se sentando na sua frente e ao lado de Alex, Kara disse em um tom que Lena desconheceu ser realmente o dela. Calmo e compreensivo além de tudo o que a CEO já imaginou na personalidade da mulher, era uma novidade a ser observada com grande atenção. Então viu a loira sorrir tranquila ao final da sua oração.

- Até quando terei que assistir essa sua loucura, Bel? - tão baixo quanto pretendia, Alex sussurrou sabendo que a persona do senhor das trevas estava a ouvindo de alguma forma. Não conseguia pensar em nada produtivo e benéfico vindo do caminho escolhido pela loira para seguir enquanto estivesse dando passos entre os humanos, assim como também não se via incapaz de aceitar que o tempo sobre aquela terra podia ter a força de influenciar em suas ações e decisões.

Ao retorno do garçom, Samantha Árias não demorou para fazer o seu pedido e trazer uma drástica mudança de assunto para a mesa. Notou um certo desconforto se tornar presente nos ombros da amiga e, uma estranha mudança de semblante em Alex. Tudo isso enquanto Kara parecia uma estátua, não mudava em nada, permanecia sorridente e aberta para qualquer nova ocasião e surpresas parecendo vir de outro mundo. Samantha não a entendia, não fazia ideia de como ler as suas ações. Na visão CFO da L-Corp, Kara Zor-El era alguém com muita história para contar, só não sabia dizer se estava disposta a ouvir cada uma delas. Lena era a sua preocupação, e no momento, estranhamente a nova sócia da empresa de tecnologias de alguma maneira estava fazendo muito bem a sua amiga.

Observando o correr dos ponteiros do relógio em seu pulso, Kara lamentou que já precisassem retornar a empresa, enquanto Alex Danvers sorriu aliviada para aquela mesma situação. Se ficasse mais um minuto entre as trocas de palavras das outras mulheres, sentia que talvez pudesse enlouquecer, perder de vez o foco do porquê estava ali. Não era difícil lembrar, mas estava se tornando muito fácil deixar de lado. Alex não se lembrava de já ter visto Kara sorrir tanto, pois quando a conheceu, as circunstâncias eram bem mais destrutivas.

Sentado em seu trono naquele dia em questão, Hades assistiu sem qualquer expressão o caminhar desesperado de Belzebu até o centro daquela sala. O considerado senhor das trevas estava acabado, destruído muito além do que os olhos podiam ver e condenar, ele havia se perdido. Com seu corpo ferido e ainda buscando forças para continuar em pé, pediu em plenos pulmões para que uma última batalha fosse concretizada, pois acreditava fielmente que naquele estado seu destino era apenas um num confronto direto contra o governante daquela parte do submundo. Queria a morte, e só assim a encontraria ao fim de tudo. Mas a visão de Hades era uma completamente diferente da sua, e a partir daquele encontro desastroso um elo de amizade a distância foi estabelecido.

Tendo se recusado ao desafio de uma luta que facilmente venceria, o senhor daquele submundo fez dos momentos futuros uma espécie de aula para Belzebu, fez com que o senhor das trevas entendesse que a intenção de Lilith nunca foi o amaldiçoar, mas sim lhe dar uma oportunidade para compreender que viver podia valer muito a pena. Uma pena o pecado da gula ter se esquecido disso com o passar de tanto tempo.

- Hora de retornar aos afazeres da L-Corp - não se opondo à decisão de Kara em pagar a conta sozinha, Lena Luthor respirava fundo com as próprias palavras. Tão acostumada ao trabalho, não era comum se sentir entediada por ter que voltar a sua empresa. Em silêncio, sentia que alguma coisa de fato não estava lhe fazendo bem, ao menos não com relação ao seu lado profissional.