18 - 𝙴𝚞 𝚜𝚘́ 𝚗𝚊̃𝚘 𝚙𝚘𝚜𝚜𝚘 𝚙𝚎𝚛𝚍𝚎𝚛

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Pendurada ao guarda corpo da varanda do apartamento, Alex Danvers fechava os olhos e se permitia sentir a pulsação de toda a cidade. Buscava por alguma mudança repentina, algo que a levasse diretamente até a presença de Leviatã, mas não conseguia encontrar nada específico. Fazia alguns dias que o pecado estava sobre aquela terra, e por mais que tentasse, a Danvers ainda não havia o encontrado sequer uma única vez. Frustração era uma palavra forte, mas era exatamente o que resumia o estado da ruiva sobre toda aquela situação. Ao menos estavam conseguindo fazer Samantha Árias entender que sua reencarnação humana era mais do que uma segunda chance, e sem sombras de dúvidas, era também muito real.

— Ficar aí feito uma estátua está ajudando de alguma forma? — com as mãos escondidas pelos bolsos de sua calça, Kara fez a pergunta após em silêncio observar a postura da Danvers por longos minutos. Estava na hora dela parar com aquilo.

— Não tenho ideia de como isso pode ser possível, mas aquele filho da mãe está conseguindo se ocultar por completo. Não consigo sentí-lo, não importa o quanto eu tente — de frente para a Zor-El, se perguntou se a ligação que dividiam havia servido de ajuda quando a localizou com tanta facilidade.

— Uma serpente sorrateira pronta para dar o bote, Alex — se referindo às metáforas humanas, Kara sorriu. Estava de saída, mas queria averiguar a situação da ruiva antes disso. Apesar de não se permitir descansar um único minuto, ela parecia bem.

— Se está indo vê-la, lembre-se de tomar muito cuidado — sempre a um passo à frente, Alex Danvers respirava fundo — Você ainda é um risco para ela, mas infelizmente não é mais o único que existe.

— Quer saber? — nunca deixando de pensar no que conversaram dias atrás, Kara pegou as chaves do seu carro e prendeu o braço ao de Alex — Você vem comigo.

Em outros tempos, para a ação infantil reproduzida por Kara Zor-El, Alex teria um sermão na ponta da língua. Mas não daquela vez.

Pelas ruas de National City e a caminho do apartamento de Lena Luthor, enquanto Kara se preocupava em guiar o automóvel com alguma segurança, Alex vasculhava na rede tudo o que era possível através do seu celular. As notícias não eram quentes, e as incógnitas sobre o ocorrido em Metrópolis eram apenas isso, lacunas a serem preenchidas por cientistas que mal sabiam por onde começar. Sua vida não vinha sendo muito fácil desde que aceitou o trabalho de levar a Zor-El de volta para casa, mas não considerou que pudesse ficar ainda mais difícil. Aquele imprevisto não estava em seu contrato, mas por envolver diretamente a loira, era seu dever buscar por alguma resolução. Talvez não no presente momento, mas encontraria um modo de acabar com todas as ameaças diretas ao que era o equilíbrio perfeito.

Ao lado da Danvers, Kara não demonstrava, mas lá no fundo não podia esconder a preocupação que sentia. Mantendo uma aparência calma e centrada no que julgava ser importante, a Zor-El tentava em silêncio visar o próximo passo real a ser dado por Leviatã, mas não vinha sendo uma tarefa muito fácil. Desde o início da fundação do que seria o inferno para os humanos, Kara enxergava toda a ambição e interesse do pecado sobre o que não era seu. Inveja era um termo difícil de se especular em certas situações, mas nada podia ser tão óbvio com relação a Leviatã, senão isso. Não era da sua alçada decidir quem faria o que, mas sobre essa escolha ela não tinha objeções contra o seu superior. Seja qual fosse o nome adotado sobre aquele solo, Kara sabia que Leviatã estava agindo por detrás das cortinas. Não tinha ideia do que ele estaria planejando, mas entendia que esperar pelo pior podia não significar nada, assim como podia significar tudo. 

Em uma quinta-feira tão nublada quanto aquela, não seria surpresa se as águas caíssem a qualquer momento de uma hora para outra, algo que vinha se tornando muito comum para os cidadãos de National City nas últimas semanas, um ocorrido muito fora do comum segundo os responsáveis por manterem atualizadas as informações sobre o clima em tempo real. Não faziam ideia de como explicar toda aquela possibilidade de chuvas em pleno verão, mas a falta de estatísticas estavam ali para refutar o óbvio e tudo no que acreditavam. Afinal, pela meteorologia era certo um clima nublado, porém sem chuvas por pelo menos um mês inteiro. Porém, as quedas de águas não previstas vinha acontecendo muito ultimamente. Metrópolis havia registrado algo parecido há poucos dias. 

𝗕𝗘𝗟𝗭𝗘𝗕𝗨 • ꪜỉꪜꪖOnde histórias criam vida. Descubra agora