Prólogo

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Londres, Inglaterra

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Londres, Inglaterra. Dezembro de 2022.

— Você é uma vaca - A última coisa que escuto da minha mãe é isso, em alto e bom tom, sem nenhuma hesitação.

Acaricio em minha perna as duas cicatrizes deixadas por ela. Uma lágrima solitária escorre em meu rosto sem que qualquer um deles veja. Eu estou exausta. Ao mesmo tempo que ponho na balança a tristeza de estar sendo deixada pra trás por meus pais, coloco também o impacto que eles sempre causaram a minha vida toda. Nunca fui bem aceita por eles, diga-se de passagem que minha existência sempre os perturbou de uma forma assustadora que nem mesmo eu entendo. Minha mãe é bem de vida, sempre foi, não foi atoa que meu pai me mandou do Brasil pra vir morar com ela em Londres, justamente por sua melhor condição, mas ela nunca me incluiu em seu tipo de vida, então não é algo que vá me incomodar agora que terei que me virar triplamente sozinha.

Pego minha última bagagem de dentro do carro, olho para a casa que ela escolheu pra mim e solto um único "até breve... eu acho". Aceno para minha irmã, Hanni, e recebo o vácuo juntamente com o barulho dos pneus rangendo no asfalto. Solto um suspiro irritadiço, puxo as chaves do bolso e vou até a porta de minha nova casa. Não fica tão longe de onde ela mora, mas ela foi bem clara nessa parte, disse que não quer que eu apareça mais por lá ou vai fazer questão de me colocar na cadeia. Cadeia? Ah, sim. Ela tem muitos motivos por trás disso tudo... Não que eu tenha medo, mas que se foda.

Destranco a porta e, olhando para dentro do ambiente quase cem por cento vazio, eu solto um resmungo e jogo minhas malas para o lado. Lar fodido lar. Pego meu celular no bolso e ligo para a primeira adega que encontro, encomendando algumas garrafas de vodka. Não tenho grana pra sobreviver, vou ter que me virar pra pagar as contas, mas meus cem dólares podem pagar por bebidas. Rolo o dedo por meus contatos e, de forma aleatória, clico por cima de um garoto e envio a mesma mensagem de sempre: bora?

Sempre funciona. E no momento eu estou precisando de grana, então é o que tem pra hoje. Rastejo até minhas duas únicas malas, puxo minha caixinha de som e coloco uma música animada para afastar meu azedume.

Escuto batidas eufóricas na minha porta e todo meu resto de paz se vai. Reviro os olhos, levanto-me e vou até a porta saber quem está importunando o resto de paz que ainda me habita. Suspiro e abro um sorrisinho irônico ao encontrar uma moça alta, os cabelos loiros presos em um coque ajeitado e aparentemente muito brava, olhando-me com irritação em seu traje estranhamente nerd.

— Boa tarde - Me encosto na porta, sorrindo para a moça.

— Tem como desligar essa música? Eu estou trabalhando e essa droga de som está me atrapalhando!

— Huh?

— Sim.

— Eu estou na minha casa, dentro do meu direito! Não é dez horas da noite ainda, é? - Olho pra fora, provocando-a.

— Não, mas...

— Então vá se ferrar - Bato a porta. Maldita! Quem ela pensa que é pra chegar assim do nada e querer mandar na minha vida justo agora que me livrei da chatice da minha mãe? Quando estou prestes a voltar pro colchão estirado no chão da sala, ouço as batidas na porta outra vez e sou mais grossa dessa vez ao abrir — Que merda você quer?

— Tem como pelo menos abaixar um pouco? - A voz dela já não está mais tão confiante e grosseira quanto antes, parece ter percebido que está completamente errada.

— Qual a palavra mágica?

— Sério...

— Hein?

— Por favor! Droga, você pode abaixar o som?

— Feito - Aceno para ela e bato a porta em sua cara outra vez.
Abaixo razoavelmente o som em meu celular e me jogo no colchão em seguida.

Já vi que esse bairro vai ser um tédio assim como o que eu morava com a minha mãe. Sorrio ao ver a mensagem respondida do garoto dizendo que topa vir e que precisa do meu endereço. Mando o endereço certinho pra ele e me levanto para ir ao banheiro lavar o rosto. Eu estou tão cansada que poderia dormir até amanhã, mas de verdade, preciso da grana se quiser comer alguma coisa daqui pra frente.

Quando as bebidas finalmente chegam, pago com meus únicos cem dólares e vou correndo para o colchão outra vez, dando um gole longo na vodka, sentindo meu sangue esquentar. Porra. Vou chamar a Joalin para vir passar a noite aqui comigo, pelo menos não me sentirei uma merda sozinha.

 Vou chamar a Joalin para vir passar a noite aqui comigo, pelo menos não me sentirei uma merda sozinha

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Beijos Vidocas

☆☆☆

Neighbor - SiyoonOnde histórias criam vida. Descubra agora