9 | Pirulito

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Eu não pensei que o tal lugar que viria com Heyoon seria justamente a casa dos pais dela, e confesso que nada do que imaginei que seria este lugar foi real, porque assim que bati meus olhos na gigantesca e muito bem cuidada casa onde eles moravam,...

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Eu não pensei que o tal lugar que viria com Heyoon seria justamente a casa dos pais dela, e confesso que nada do que imaginei que seria este lugar foi real, porque assim que bati meus olhos na gigantesca e muito bem cuidada casa onde eles moravam, me bateram muitas dúvidas. Por que eles não a ajudam? Eu pensei que a família de Heyoon fosse humilde e por isso ela vivia naquele estado, me lembro perfeitamente bem da primeira vez que entrei na casa dela e percebi que não tinha nada além de bebidas alcoólicas e um mísero colchão. Eu estou tentando esconder meu incômodo, não quero que ela perceba a minha cara, mas acho estranho que os pais dela não a ajudem com absolutamente nada. Ela estava literalmente jogada naquela casa quando eu a conheci, e mesmo tendo um teto para se abrigar, era como se estivesse em situação de rua já que nem o mínimo para viver ela tinha. Não me arrependo nem um pouco de praticamente obrigá-la a morar comigo, ela não volta pra "casa" dela já faz um tempo, e eu não pretendo deixar isso acontecer até que ela se restabeleça e consiga se cuidar sozinha de verdade. Apesar da marra, Heyoon é uma criança ainda, ela não faz ideia do que está fazendo da vida dela, assim como eu também não fazia quando tinha a idade dela e achava que estava tudo incrível na vida.

— Tudo bem? - Pergunto após alguns minutos em silêncio. Heyoon parece nervosa, ela está encarando a casa dos pais a mais ou menos dez minutos sem se mover — Sabe que não precisa fazer isso se não quiser, né?

— Ela me ligou hoje cedo quando você estava dormindo... - Sussurra, um pouco tímida — Eu não esperava receber uma ligação dela, Sina... foi assustador ver o nome dela estampado na tela do celular e me sentir incapaz de tudo, e... quando coloquei o celular na orelha, não consegui dizer uma única palavra, ela logo exigiu que eu viesse aqui resolver as pendências que tinha com eles e...

Mesmo que um pouco longe, consigo ver o reflexo de lágrimas espalhadas nos olhos de Heyoon, ela parece realmente assustada, e eu não sei como agir. Sabina é muito melhor que eu nessas horas, nunca fui boa com sentimentos, isto porque em casa as coisas nunca foram tão colaborativas... meus pais sempre foram secos em relação a sentimentos, nunca vi uma única demonstração de amor entre eles dentro de casa, nem mesmo comigo isto acontecia, então para mim é como se o amor fosse apenas uma invenção do ser humano. Em todos os relacionamentos que tive, também nunca foram lá essas coisas... e no fim, sentimentos são apenas coisas bobas dos seres humanos. Meus pais pareciam bonecos, agiam como se fossem apenas conhecidos, e agem assim até hoje. Não entendo bem como funciona o casamento deles... mas se for para contar na ponta dos dedos todas as vezes que os vi realmente demonstrando amar um ao outro, minhas mãos estariam completamante fechadas agora. Não que eles tenham sido pais ruins, mas estou bem longe de ter tido uma infância mágica como a maioria das pessoas. Foi uma infância comum, escola, casa, escola, casa.

— Que pendências?

— Antes de sair da casa deles, eu levei uma multa de música alta e estou pagando até hoje.

— E eles não podem simplesmente te ajudar com isso agora que você saiu de casa e se banca sozinha, Yoon?

— Claro que não, Sina... eu fiz essa merda, então sou eu quem devo pagar.

Neighbor - SiyoonWhere stories live. Discover now