Deathless - Jackson Wang

27

Kiara Soulier

Me agarro a cintura de Jackson com força, sentindo o seu abdômen definido por dentro da camisa escura enquanto o pressiono, amedrontada, e ouço o motor ronronar assim que o mesmo da partida, deixando a universidade.

Ele nos conduz pelas ruas e avança por entre os carros com uma habilidade que me espanta. A cidade passa diante de nós como uma sombra, os prédios mesclando em um borrão de cores alaranjadas e formas que me encantam.

Estar sobre duas rodas e em plena movimentação era algo que eu ainda não estava acostumada, é claro, mas a paisagem de Athens, embora ainda conhecesse poucos locais — a maioria entre a região da State University e o Poppys —, era tão linda. E era exatamente por isso, essa beleza escaldante, que decidi viver aqui dentre tantas possibilidades.

Aos poucos, minha ansiedade diminui e me permito fechar os olhos. O vento bate contra meu rosto suavemente e com uma das mãos, Jackson toca meu braço ao redor de seu corpo, fazendo-me tremer

Apesar do nervosismo, dou-me por vencida e começo a aproveitar aquela adrenalina maluca.

Nunca tinha andado em uma coisa daquelas na vida e minha primeira experiência tinha que ser logo com ele? Insano!

Por cima do barulho frenético do vento, ouço o mais velho falar:

— Está tão assustada que não consegue dizer nada, meu amor?

Com o corpo imóvel, reviro os olhos pelo comentário sarcástico.

— Sabe, quando está calado, eu até consigo esquecer o quão irritante você é.

Uma risada ecoa e seus olhos me observam pelo espelho da sua moto.

— Estou falando sério. Está se sentindo bem?

Demoro um pouco para responder, pois a preocupação parece verídica demais e isso me pega. O interesse dele em mim.

— Para ser sincera, não é tão assustador quanto eu pensei que seria — admito a contragosto. — Então sim, estou sim. Por enquanto.

— Eu deveria acelerar um pouco mais, então?

A provocação faz meu coração palpitar, nervoso.

— Claro que não! Estou perfeitamente bem assim! — solto em desespero e me aperto nele.

Ele ri, mantendo o ritmo neutro que estamos. Enquanto avança e confirmo que a velocidade não vai se alterar, meu corpo relaxa novamente e Jackson faz uma curva à direita.

Aos poucos, as luzes se tornam menos intensas, com o fim de tarde se aproximando, indicando que estamos cada vez mais distantes.

Estremeço um pouco. Onde diabos estamos indo?

Os carros se tornam inexistentes a cada minuto. Dessa vez, o capitão faz uma curva à esquerda, entrando em um caminho cercado por árvores. A moto diminuiu a velocidade, mas se mantém em movimento.

A estrada se abre para um brando campo esverdeado e um gigante lago iluminado. Pisco, encantada demais, analisando cada detalhe.

De algum modo, me fazia lembrar de casa. A natureza gritante.

— Onde nós estamos? — pergunto a Jackson.

— Não reconhece esse lugar? — sua voz soa surpresa.

— Eu deveria?

— Considerando que é uma universitária, sim, você deveria.

— Universitária, é verdade — concordo, então acrescento: — E caloura. Não sei de quase nada sobre a região ainda.