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Bruna Marquezine
15 de janeiro de 2023
Los Angeles

Maya não está passando bem. Ela foi gentil comigo, não rebateu minha provocação e não fez nenhuma gracinha até agora. Estamos a quase duas horas na mesma roda e ela não disse nada, absolutamente nada, que se referisse a mim. Nenhum xingamento, nenhum olhar torto, nem mesmo dizer que ela é superior em algo.

Nada.

- Javi, você tem isqueiro, o meu acabou. - Maya disse para o garoto que estava ao meu lado.

- Tem lá em cima, no quarto, naquela gavetinha. - Javi disse como se essa explicação fosse perfeita e a morena pareceu entender.

- Tá, vou lá pegar, tudo bem? - Ele concordou e entregou uma chave para a garota. - Alguém precisa de algo? - Ela olhou pra todos, ela realmente estava gentil hoje, qual foi o bicho que mordeu ela? Todos negaram, ela foi indo em pequenos passos enquanto mexia no celular.

- Amiga, vamo no banheiro? - Disse baixo pra Maísa.

- Vai lá, Javi tá super concentrado falando comigo.

- Não queria ir sozinha. - Disse e ouço um assobio alto.

- Maya, espera a Bruna. - Ouvi Javier gritar. - Maya conhece aqui, vai no banheiro do meu quarto, os outros devem estar nojentos. - Ele disse simpático e eu sorri sem mostrar os dentes. A garota havia parado, ela me olhava, seu celular havia sido guardado e suas mãos estavam escondidas no bolso do moletom que ela vestia. Eu caminhei até ela, parecia uma eternidade com o olhar da garota sobre mim.

- Que que você quer? - Ela disse assim que cheguei ao seu lado.

- Banheiro, Javi disse pra eu usar o dele. - Disse enquanto seguia ela.

- Me dá a mão. - Ela disse estendendo a mão, eu a olhei, olhei pra sua mão, novamente ergui o olhar. - Pra você não se perder de mim, não sou nenhum abusador não, nem tarada em mãos. - Ela disse e eu ri internamente com aquele último comentário. - Não pensei que seria tão difícil fumar, puta que pariu. - Maya disse e pegou minha mão, ela entrelaçou nossos dedos e mantinha a força sobre minha mão, para assim ser quase impossível de nossas mãos se soltarem. Sua pele era macia e quente.

- Desculpa. - Disse para a primeira pessoa que esbarrei.

- Ninguém aqui vai se importar se você pedir ou não desculpas, na verdade prefiro que não fale com ninguém, o pessoal aqui na maioria das vezes não é gente boa. - Maya disse e eu apenas fiquei quieta, voltando a seguir seus passos, chegamos em uma escada e logo estávamos paradas em frente a uma porta. - Você pode abrir pra mim? - Ela disse me entregando a chave e eu concordei.

- Você tá bem? - Disse sem entender o motivo de eu ter que abrir a porta. Ela entrou e foi direto pra a gaveta, puxando um isqueiro e logo acendendo um cigarro.

- Tava trêmula. - Ela disse. - Entra e fecha a porta, com a chave. - Ela disse e assim eu fiz.

- Qual a razão da chave?

- Tem muito pau no cu aqui. - Ela disse se sentando em uma poltrona que havia ali. - Banheiro é na porta da esquerda.

Fui ao banheiro, fiz meu xixi, mas não conseguia entender o por que Maya estava tão diferente.

Competição - Bruna MarquezineWhere stories live. Discover now