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Bruna Marquezine
14 de abril de 2023
Los Angeles

Eu estava no carro de Maya, a garota estava a quase meia hora dentro da casa, a cada segundo eu me perguntava o que estava acontecendo lá dentro, a mãe dela estaria falando algo de ruim? Estaria tudo indo bem? Maya estaria bem?

Meu coração se partia ao pensar na possibilidade de Maya estar ouvindo coisas terríveis novamente. Eu sentia vontade de abrir a porta e ir ver o que acontecia.

Ouço alguns toques no vidro e abro a porta, Maya segurava Augusto no colo, ela colocou-o em meu colo e colocou uma mala no banco de trás.

- Fica com ele, minha mãe tá falando um monte, logo volto. - Ela disse e deixou um selinho em meus lábios. Minha pergunta havia sido respondida, ela estava ouvindo merda novamente.

- Você e sua mãe são tão bons, qual o problema com sua vó? - Disse para o cachorro que estava deitado em meu colo. - Você também não sabe, né? - Fazia carinho em sua cabeça e ele logo dormiu. - Folgado.

Novamente a porta foi aberta, Maya colocou mais duas malas e vi a figura de uma mulher saindo pela porta da casa, eu arregalei os olhos e Maya fechou a porta com força.

- Eu já disse que não tem nada que você tenha que ver nessa porra desse carro. - Ouvi a voz de Maya, ela provavelmente havia falado alto pra caralho. Apesar de tudo, de seu jeito brincalhão e extrovertido, Maya não falava alto. Eu nunca ouvi Maya falar alto.

- Quando você diz isso é sinônimo que tem. - Pude ouvir de maneira mais abafada Patricia dizer.

- Não, se eu tô falando não, é não. - Maya disse andando em direção a mãe. - Eu não sei como meu pai se apaixonou por você, cacete, você não consegue ficar na sua?

- Isso é jeito de falar com a sua mãe? - Ouvi um tapa ser dado no braço da menina e fiquei assustada. Definitivamente aquilo não era pra acontecer. - Seu pai não passava de um artista maconheiro, você é igual a ele, eu tive que ser uma pessoa de respeito.

- Engraçado, a artista maconheira que sustenta a casa. - Maya disse e se aproximou da mãe. - Nunca mais fala do meu pai assim, ele te amou, que nem um filho da puta, até o último suspiro dele, pelo menos respeite ele. - Maya disse e vi a garota se virar. - Eu tô indo, eu tô falando sério. - Ela disse caminhando até o carro. - E eu também tô falando sério que quando eu quiser eu te conto as coisas, não precisa ficar investigando minha vida. - Maya disse e por fim entrou no carro. - Vamo, antes que ela venha aqui e abra essa merda dessa porta.

Maya saiu com o carro, a mulher ficou lá parada, Maya estava séria, seus dedos chegavam a ficar com as pontas brancas de tanta forçar ao segurar o volante, seu maxilar marcado por estar mordendo o nada e seu olho aparentava estar mais escuro.

- Ela te bate? - Disse e Maya fez um som de negação. - Ela te bateu.

- Tanto faz, ela não faz isso, ela deve tá louca. Ela não era tão louca assim. - Maya disse sem tirar o olho da rua. - Guto tá bem?

- Sim, tá dormindo desde que você deixou ele aqui. - Disse e ela respirou fundo. - Você vai pro apartamento?

- Sim, o moço disse que já está mobiliado quando desci pra assinar. - Ela disse e eu concordei, novamente o carro ficou em silêncio, apenas a rádio local tocava.

Competição - Bruna MarquezineWhere stories live. Discover now