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Maya Fiore
28 de março de 2023
Paris

- Mano, cadê aquele garoto? - Eu disse pela milésima vez ao não ver Javi em nenhum lugar próximo de nós. Eu e Flora estávamos com o resto do elenco, mas o garoto simplesmente sumiu.

- Eu não sei. - Florencia estava totalmente chapada, a garota estava mais mole do que tudo, apenas pedi para um de nossos companheiros de trabalho ficar de olho nela.

- Eu já volto, vou achar ele. - Disse e ela concordou, então eu saí em busca do espanhol, olhei nos camarotes ao nosso lado, na área externa e por último fui até a pista. Eu não achava Javier por nada, era andar, andar, andar e andar totalmente em vão.

Eu caminhava tranquilamente entre as pessoas, uma ou duas vezes fui reconhecida e agradeci o carinho demonstrado, mas nada que fosse dificultar minha busca por Javier. O garoto parecia ter sido abduzido.

- Não, não acredito. - Eu ouvi uma voz familiar e respirei fundo torcendo para que a música alta estivesse fazendo minha cabeça este errada. - Maya, querida, você tá fazendo o que aqui?

Eu me virei e confirmei, era exatamente quem eu imaginava, Rebecca, a garota vestia uma mini saia é um cropped, sua bolsa terminava de combinar com as peças, seus cabelos davam um ar de arrogância de tão alinhados que estavam. Era ridículo não ter um fio de cabelo fora do eixo, era como se ela fosse uma alucinação.

- Procurando meu amigo, licença. - Disse tentando continuar meu caminho, mas senti ela entrelaçar nossos dedos.

- Vou com você, é perigoso ir sozinho. - Ela disse e eu só continuei andando, pedia pra que alguém fizesse ela se perder no caminho ou que eu finalmente encontrasse o espanhol, mas nenhuma dessas opções ocorreu, eu andei por toda a festa novamente e nada daquele garoto. - Você já olhou tudo? - Ela disse e eu concordei. - Se quiser a gente pode ir procurar no estacionamento.

- Não, tá suave, ele disse que ia ficar por aqui, logo aparece. - Disse mantendo distância dela e tentando sair de perto da garota.

- Maya, tá tão distante, você sabe como as coisas são, a gente deveria matar essa saudade. - A garota disse pegando na minha mão novamente, mas eu logo soltei.

- Não, tô tranquila, sinto saudades não. - Disse séria. - Vou ter que vazar, até.

- Não, não vai não. - Ela disse me puxando e fazendo com que nossos corpos se chocassem. - Fica um pouco comigo, eu não vou fazer nada, eu sinto saudades de conversar com você, eu ando muito sozinha, Maya.

- Não dá, amanhã tenho que trabalhar. - Disse tentando sair de lá.

- Você não muda? - A garota disse e eu fechei os olhos respirando fundo, eu não queria novamente ouvir aquele discurso. - Sabia que me falaram que você tava de caso com uma garota? - Ela disse e eu engoli fundo, apenas continuando quieta. - Eu ri, você é incapaz de ter algo com alguém, ninguém aguenta você com essa sua cabeça quebrada.

- Eu não tenho uma cabeça quebrada. - Eu disse mais para mim do que para ela.

- Você tem, você nem consegue entender como sua vida é, que seu pai não tá mais aqui.

- Deixa meu pai de fora, para de ser louca. - Disse brava. Eu tentava não deixar que ela conseguisse o que queria, mas ela iria conseguir de algum modo.

- Essa é a verdade, se você não enxerga eu tô tentando te fazer enxergar. Você não passa de uma mimada que não aceita que agora tá sozinha e vai ficar sozinha pra sempre. - Ela disse e eu podia ver a maldade no seu olhar. - Maya, você nunca vai conseguir ser o suficiente pra alguém ficar, sempre vai existir alguém melhor que você. - Ela disse e eu apenas tentei sair dali, mas a garota me puxou novamente. - Covarde, vai fugir agora?

- Me deixa, porra. - Disse mais alto e puxei meu braço com força, assim saindo da boate, avisei o pessoal que estava indo pro hotel e disseram que Flor estava dormindo com uma de nossas colegas. Eu fui caminhando para o hotel, foram quase quinze minutos nas ruas de Paris, as palavras da garota ecoavam na minha cabeça.

Eu entrei no quarto do hotel e me sentei no chão, meus braços agarrados em minha perna e elas encolhidas.

Era como se eu fosse desmaiar a qualquer segundo, minha cabeça latejava, meus olhos estavam encharcados e minha respiração não era nada controlada.

Tudo estava fora do eixo.

Eu sentia meu celular vibrar em meu bolso, mas não conseguia me mexer para pega-lo, era como se eu tivesse sido travada naquela posição.

Eu apenas levantei a cabeça quando ouvi a porta ser aberta, eu não sei quanto tempo eu fiquei naquela posição. Javier estava ali, o garoto se ajoelhou em minha frente e me abraçou, eu continuei chorando em seus braços.

- Maya, o que aconteceu? Quanto tempo você tá aí? - Ele disse me olhando, mas eu apenas chorava, o garoto limpou minhas lágrimas e estendeu minhas pernas devagar, assim dando mais espaço para que eu pudesse respirar.

- Eu tô aqui, ok? - Ele disse segurando minhas duas mãos e eu concordei. - Vou te levantar e te colocar na cama, tudo bem? - Concordei novamente, senti o garoto passar o braço por minhas costas e por baixo de meu joelho, assim me levantando e me colocando deitada. Ele abriu a janela e revelou que o sol já havia nascido. - Vou tirar isso, ok? - Ele disse e retirou meus sapatos e a blusa de frio que eu vestia, eu tentava me controlar para falar com o garoto, mas eu simplesmente não conseguia.

- Agora, eu tô aqui, você consegue respirar comigo? - Ele disse respirando fundo e eu tentei, falhando algumas vezes, mas conseguindo em outras. - Isso, muito bem. - Eu estava com a respiração melhor, o garoto continuava tentando meu acalmar, algo que havia funcionado em partes, vejo ele procurando algo em meus bolsos e pegando meu celular. - Tem bastante mensagem e ligação da Bruna, posso avisar que você não tá bem? - Ele disse e eu neguei. - Que você tá bem? - Concordei. O garoto ligou para a brasileira e foi rapidamente na sacada, logo voltando.

Javi ficou horas comigo até que eu me acalmasse, mas nunca revelei o motivo para que eu estivesse daquele jeito.

Competição - Bruna MarquezineTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang