Competição - Bruna Marquezine

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Maya Fiore
24 de dezembro de 2023
Los Angeles

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Era véspera de natal, o clima natalino passava longe da minha vida, basicamente minha vida virou um caos desde agosto, eu voltei a morar com minha mãe, fui oficialmente retirada da nova temporada da série, logo estou fazendo testes em qualquer oportunidade e voltei a fumar. Parecia que tudo que tinha que acontecer, aconteceu. Todas as semanas eu era lembrada de como havia sido idiota em pensar que Marquezine verdadeiramente gostou de mim, algumas dessas vezes me deixando verdadeiramente deprimida.

Eu voltei a uma vida que estava distante de mim a um tempo, era como se as sensações tivessem parado por um tempo e agora tudo voltou, só que agora é diferente, eu provei o gosto de uma vida boa, uma vida feliz, uma vida confusa não parece mais correta, não parece certo seguir um caminho repleto de pegos no chão e pisar sobre eles. Eu vi que havia um caminho sem machucados, eu estive naquele caminho, mas eu simplesmente não estou mais nele.

Chegava a ser bizarro pensar que eu não sabia como fazer as coisas, Marquezine apenas estava ali, mas ela estar ali fazia com que eu tivesse direção, havia um motivo para fazer o certo, mas agora, agora não há. Não tenho a quem orgulhar, não tenho a quem correr em dias ruins e comemorar em dias bons. Mesmo que eu tenha meus amigos comigo, temos vidas separadas, trabalhos corridos e mal temos tempo para se encontrar.

Minha rotina era monótona, sempre o mesmo começo e sempre o mesmo final. Choro, dor e tristeza. Olhar pra céu se iluminando e pensar que haveria um novo dia, talvez um dia que as coisas fossem mudar, mas acabar ele e ver que a dor parecia mais pesada.

Eu continuei cuidando de minha saúde mental, talvez essa seja a única coisa que fiz certo, mesmo que ela não esteja boa, sempre penso que poderia estar pior.

Augusto é meu maior companheiro, é ele quem traz a bolinha para que eu me distraia um pouco, ele quem está deitada ao meu lado enquanto choro, é ele quem me acompanha em absolutamente tudo. Ele é meu amor, minha vida.

Eu poderia dizer que eu simplesmente desisti, mas não, eu só estou perdida, eu perdi as duas coisas que mais gostava em um curto período de tempo, minha namorada e meu trabalho.

Foi doloroso mandar mensagem para Marquezine parabenizando sobre o filme, foi triste saber que eu deveria estar junto dela naquele tapete vermelho, já que tínhamos planos de nós assumir antes dessa data. Era devastador pensar que nunca mais teria a mão da garota junto a minha, nunca mais receberia seus beijinhos e nunca mais ouviria seus "eu te amo".

Marquezine é o amor da minha vida, sempre será de alguma forma, sou nova o suficiente para talvez ter alguém no futuro que me fará repensar nessa afirmação. Entretanto, há algo que nunca mudará: Bruna Marquezine foi quem me ensinou que o amor é leve.

Eu sinto falta de não ser difícil de respirar.

Sinto falta de seus toques.
Sinto falta de seu cheiro.
Sinto falta de suas manias.
Sinto falta dela por inteiro.

Passar o Natal sozinha em meu quarto foi o que eu menos esperava, haviam algumas pessoas em casa, mas todas falavam sobre minha terrível decisão de me mudar de casa durante um período do ano, como eu havia feito mal para minha mãe, enquanto isso minha mãe jogava a culpa na garota com quem eu me meti.

Eu não me meti com garota alguma, eu me apaixonei por Bruna.

Talvez pareça piada na madrugada do dia 25 de dezembro eu estar deitada em minha cama, enrolada em cobertores e sem pensar abrir meu e-mail.

Era estranho ter um e-mail novo nessa data, ainda mais quando parecia algo relacionado à trabalho. Eu definitivamente não esperava encontrar nada ali, mas esse foi o meu presente de natal.

Eu havia passado em um teste.

Ainda não sabia ao certo nada sobre o projeto, as coisas funcionam de modo enigmático na indústria audiovisual, me sinto dentro do FBI em alguns momentos.

Mas eu havia conseguido, eu consegui alguma vitória sozinha. Eu me levantei e pulei, comemorei como se fosse uma final de copa do mundo.

Era a minha final de copa do mundo.

Eu precisava de algo para me fazer acordar, eu acordaria todos os dias para fazer esse filme ter a minha melhor atuação, independente de qual personagem eu seja, mas eu serei a melhor.

Eu lutaria contra tudo que estivesse dentro de mim. Eu queria sentir que meu pai está orgulhoso, eu queria sentir que eu deixo o sonho dele vivo, eu vou sentir que ele está comigo.

- Que barulheira é essa? - Ouvi a voz de minha mãe e ela logo entrou no quarto.

- Estava brincando com Augusto. - Menti.

- Faz menos barulho, tá sendo um incômodo. - Ela disse e eu respirei fundo enquanto concordava.

- Desculpa.

- Você vai ser sem educação mesmo? Nem vai ficar com as visitas?

- Não tô me sentindo bem.

- Maya, para de frescura, você tem que fazer contatos, precisa de alguma oportunidade, talvez alguém consiga convencer alguém a te colocar em algum elenco, tem pessoas importantes lá embaixo.

- Eu já tenho um novo trabalho, pode ficar tranquila. - Disse e vi uma confusão em sua cara.

- Você conseguiu sozinha? - Concordei. - Como?

- Fazendo teste?

- Está certo isso? - Ela disse e eu novamente concordei. - Estranho, será que não tinha ninguém melhor?

- Acho que não. - Disse dando ombros e ela saiu sem falar mais nada.

Meu presente de Natal havia acabado de ser estraçalhado.