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Maya Fiore
19 de março de 2024
Los Angeles

Vi Bruna entrar no carro e ir embora, logo após entrei e vi minha mãe, ela estava parada com os braços cruzados e um feição nada amigável.

- É sério isso? - Disse sem paciência com a situação e ela respirou fundo.

- Maya, qual sua dificuldade de entender que essa garota não é boa companhia? - Ela se aproximou de forma suave, era como se pela primeira vez ela quisesse conversar, mas eu já conhecia a peça. - Tô falando isso por causa que eu amo você, me escuta, Maya. - Ela disse e eu respirei fundo enquanto fechava os olhos.

- Mãe, é coisa de trabalho, não posso evitar, não sou eu quem decido. - Disse sincera e vi sua expressão mudar.

- Maya, você é tão tola, vai ser igual da outra vez, vão te colocar pra fora do projeto e ficar com ela. - Eu tentei não me afetar, fui me defender, mas não tive nem chance, ela continuou. - Nem vem falar que não, você nunca pensou no motivo de eu não querer ela por perto? Você nunca percebeu que ela é bem melhor que você em tudo? Não tem esse monte de tatuagem, não fuma que nem uma louca, participa de mil projetos e coisas, enquanto você, bem, você cuida do seu cachorro. - Eu sabia que eu iria chorar, mas não agora, não na frente dela. Eu me segurei e respirei fundo.

- Que porra você tá falando? - Disse firme e ela se assustou. - Sério que você tá tendo coragem de falar isso pra mim? É sério? Eu quem mantenho tudo nessa merda de casa, eu quem pago suas viagens, seus mil hobbies, desde criança sou eu quem dou sustento pra suas coisas inúteis. - Disse olhando nos olhos da mais velha, ela parecia assustada, era a primeira vez que eu não saia do lugar que estávamos e deixava por isso mesmo. - Eu cuido do meu cachorro, cuido pelo simples fato que o amo, não sei se você conhece esse sentimento. - Disse e respirei fundo. - Eu quem saio de casa pra trabalhar, eu quem consigo sustentar seus luxos, eu quem faço você ser quem é, se eu sou tão inútil assim você não deveria parar de se apresentar como Teresa Fiore, mãe de Maya Fiore.

- Eu não disse que você é inútil. - Ela disse com o tom de voz mais baixo.

- Agora não, mas quantas vezes disse? Quantas vezes durante toda minha vida eu tive que ouvir que todo mundo era melhor que eu? Quantas vezes ouvi que meu irmão iria ter futuro e eu não? Olha agora, quem que tá conseguindo chegar onde sempre quis? Onde meu irmão tá? Talvez esteja usando droga, bebendo, em um puteiro, engravidando alguém, mas você pouco se importa, tudo que ele faz é lindo, né? - Disse e respirei fundo mais uma vez. - Enquanto eu, bem, o que eu tô fazendo? Tava discutindo sobre o roteiro do meu novo trabalho, onde eu sou a atriz principal, onde a diretora me pede a opinião de tudo, além de obviamente ter feito almoço, ter visto o que faltava na geladeira pra depois comprar e como pude me esquecer? Envergonhando minha família por tá correndo atrás do meu sonho. - Disse e não havia reação do outro lado. - Quer saber? Foda-se essa merda já foi longe demais. - Disse e fui até meu quarto, peguei algumas roupas e as coisas de Augusto, coloquei a coleira em meu pequeno e fui até o carro, minha mãe não fez nem o esforço de vir atrás de mim. Assim que coloquei tudo no banco de trás e Augusto em sua cadeirinha, sai da garagem e parei algumas ruas a frente.

Peguei meu celular e liguei para Javi. O garoto me deixaria ficar por lá sem problemas, era questão de tempo pra eu arranjar, novamente, um lugar meu.

- Caralho, Javier, atende. - Três ligações não atendidas. - Florência vai atender. - Disse e frustradamente meu desejo não foi realizado, respirei fundo e encarei a última chamada que eu havia recebido, Bruna. - Filho, vou ter que apelar, você vai fazer cocô no meu carro e não vai ser legal. - Disse e ele abanava o rabinho. - Se a gente ficar lá, você vai ter que se comportar, não pode brigar com a Mia, tá? - Disse e ele continuava me encarando como se tivesse entendendo tudo, espero que ele esteja.

Competição - Bruna MarquezineNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ