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Bruna Marquezine
14 de abril de 2023
Los Angeles

O dia já tinha amanhecido, Maya havia conseguido dormir a pouco tempo, mas eu não conseguia fazer outra coisa a não ser fazer carinho nela e observá-la para ter certeza que a garota descansava. Seus olhos fechados, sua respiração controla, sua expressão relaxadas. Maya conseguia ser linda de qualquer maneira, era lindo ver seus cachos rebeldes aparecendo, sua tatuagens ao colocar seu braço sobre minha barriga, ou sua perna sobre a minha.

Eu estava apaixonada por Maya e isso não era segredo pra ninguém.

Ouvir a garota cogitar acabar com o que nem temos direito foi um tiro em meu peito. Era como se tivessem tirado minha parte favorita da vida. Eu ainda tenho tanto a viver com Maya, quero que ela conheça meus pais, quero viajar com a garota, quero assumir ela pro mundo, quero ir em eventos segurando sua mão e quero formar nossa família. Eu quero Maya em tudo que for possível.

- Amor? - Ouvi a voz rouca da garota e vi seus olhos abrindo. - Você não vai dormir? - Ela disse e seus olhos estavam inchados.

- Já vou, Meu Amor. - Disse tirando seus cabelos de seu rosto e ela enfiou o rosto em meu pescoço. - O que foi?

- Sonhei uma coisa. - Maya disse e me abraçou mais forte.

- Quer me contar? - Perguntei e ela concordou da maneira abafada.

- Sonhei que tínhamos um neném, era engraçado. - Ela disse me olhando sorrindo. - Você tava um ele no colo, ele chorava, você me pedia da maneira calma o que precisava, eu tava surtando. - Maya disse apoiada em meu ombro e mantendo nossos olhos conectados. - Eu lembro de uma hora você pedir pra eu preparar a mamadeira, eu fui, fiquei olhando pro leite, pra mamadeira, ficava pensando se eu estava fazendo certo, aí você apareceu atrás e disse que estava certo, eu fiz e ele parou de chorar.

- Era um menino? - Disse e ela concordou.

- Ele era pequenininho e cabeludo, tinha cachinhos igual eu. - Ela disse e eu sorri só de imaginar a criança.

- Eu gosto muito dos seus cachos. - Disse deixando alguns beijinhos em seu rosto. - Acho que seu sonho define exatamente como seríamos se fôssemos mães agora.

- Falando em ser mãe, acredita que minha agente está grávida? - Maya disse e pegou seu celular, assim mostrando a mulher loira com uma barriga de grávida. - Acho que já tá no sexto mês, descobriram tarde.

- Meu deus, que pesadelo.

- Ainda bem que não temos essa questão, imagina do nada um filho, chocante. - Maya disse e eu ri.

- Mas imagina uma mistura de nós. - Disse e Maya fez carinho em meu rosto.

- Se tivesse seus olhos e seu sorriso, já seria a criança mais linda do mundo. - Maya disse e eu empurrei seu rosto. - Tô falando sério.

- Chata, você é muito linda, que saco. - Disse apertando as bochechas dela e trazendo-a para um selinho.

- Eu sei que sou linda. - Ela disse e eu revirei os olhos. - Princesa, eu tenho que ser muito linda pra você ter me dado uma chance. - Ela disse deixando beijinhos em meu pescoço.

- Maya Fiore, anda, volta a dormir, você precisa descansar. - Disse e ela negou.

- Só durmo se você também dormir. - Ela disse e eu me ajeitei abraçada com Maya, dormimos por muito tempo, dormir com Maya era como estar em um casulo, eu me sentia totalmente protegida e confortável.

- Sim, Mãe, eu tava falando sério. - Ouvi a voz de Maya meio distante, ao abrir os olhos vejo que a garota estava na varanda, ela fumava, provavelmente estava nervosa com a mãe. - Sim, tô na casa dela. - Maya disse e senti meu coração parar, dela quem? Ela está na casa de Marquezine? Na casa da garota que está ficando? Qual papel eu ocupo naquela conversa? - Eu já disse, eu vou morar no meu canto, não, para, não adianta, eu já vi lugar e já tá até pago o primeiro aluguel. - Ela disse firme, não fazia ideia se Maya mentia ou não. - Óbvio que vou levar Augusto, para de chamar ele de cachorro fedido, ele não é fedido. - Ela disse e eu quis rir, a garota havia ficado verdadeiramente ofendida. - Tá, eu vou passar pegar minhas coisas, só vou levar minhas roupas e essas coisas, fica tranquila. - Ela disse e vejo a garota apagando o cigarro com os dedos e colocar no lixo que havia ao lado. - Tá, tá, eu me viro, amanhã meu cachorro não está mais aí. - Ela disse continuando a observar a rua. - Você fala como se ele fizesse sua vida ser um inferno, ele literalmente só da amor e carinho pra todo mundo, eu quem cuido dele, faço tudo pra ele, pare de reclamar, pelo amor. - Maya disse e eu jurava que ela estava revirando os olhos. - Tá, tchau.

Maya desligou e eu a abracei por trás.

- Eu ouvi um pouco da sua conversa, desculpa. - Disse deixando beijinhos em seu ombro e ela entrelaçou nossos dedos.

- Tudo bem, Linda, era minha mãe. - Ela disse e eu continuei distribuindo beijinhos por suas costas. - Ela chamou Augusto de fedido. - Maya disse e eu sorri. - Um absurdo, ele é super cheiroso, ele é meu neném, só não trouxe ele por causa da Mia.

- Não acho que eles se dariam bem, realmente. - Disse e ela concordou. - Você já viu um lugar mesmo? - Disse curiosa.

- Eu visitei um apartamento antes de ir pra França, eu gostei muito dele, vou ver se ainda está disponível e se tiver, pronto. - Maya disse e se virou pra mim. - Vou parar de dormir na sua cama, te dar sossego.

- Sossego é estar com você. - Disse e novamente abracei ela. A garota e eu voltamos pra cama, ela ficou falando com o dono do tal apartamento e logo levantou toda animada.

- Tá, eu tenho uma casa só pra mim e pro meu filho. - Ela disse e eu sorri, a garota definitivamente tinha um brilho diferente no olhar. - Eu vou agora pra lá, ele disse que posso entrar agora, só preciso passar pegar a chave e assinar o contrato do aluguel. - Ela disse enquanto vestia sua roupa.

- Você quer que eu vá junto? - Disse e ela travou.

- Bem, eu preciso passar em casa, ou melhor, na minha ex-casa. - Ela disse vestindo o casaco que estava na cadeira. - Você pode ficar no carro, só vou pegar as roupas que mais uso, depois vou pegando o resto.

- Melhor eu não ir, né? - Disse e ela fez uma careta. - Se sua mãe me ver ela vai surtar, não vai?

- Você vai comigo, eu quero que você seja a primeira a entrar na minha casa. - Maya disse e eu senti o nervosismo em minha veias. - Você espera no carro enquanto eu pego as coisas, fica tranquila.

Competição - Bruna MarquezineWhere stories live. Discover now