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Bruna Marquezine
19 de março de 2024
Los Angeles


- Você acordou tão cedo pra que? - Ouvi Sasha falar atrás de mim enquanto eu terminava de beber minha vitamina. - Eu quem tenho trabalho hoje.

- Vou encontrar com Maya. - Disse e vi um O se formar na boca da garota. - Liguei pra ela ontem, pedi desculpas, ela pediu pra eu contar direito o que aconteceu na última noite, eu perguntei se podia ser pessoalmente, Maya disse pra eu ir na casa dela.

- Na casa dela? - Sasha disse e eu concordei. - Que ela tá morando com a mãe? - Sasha tinha um tom de voz de supresa e eu concordei rindo um pouco.

- Eu não fiz perguntas, não tô numa posição de querer me deixar confortável, preciso mostrar que tô disposta mesmo. - Disse e Sasha me olhava sem se mexer. - Fiz algo errado?

- Não, ainda não, mas eu não esperava, só isso. - Sasha disse e eu sorri, logo após recebendo um abraço da garota. - Já vai? - Concordei e recebi um beijo no topo de minha cabeça. Me despedi da garota e recebi muitas energias positivas, provavelmente eu precisaria, Maya me mandou seu endereço, era a primeira vez que eu iria naquela casa e poderia encontrar a mãe dela. Chegava a dar um arrepio em minha coluna.

Assim que o motorista me deixou na frente da casa de Maya vi que não havia volta. Respirei fundo e subi a sequência de escadas que havia no jardim, parando em frente aquela enorme porta branca. Haviam dois carros na garagem, nunca havia visto Maya dirigindo um deles, podendo ser de sua mãe, ou irmão. A morena pediu que eu tocasse a campainha assim que chegasse, eu estava vinte minutos adiantada, mas toquei do mesmo jeito. Meus pulmões pareciam mais pequenos que o comum, meu coração estava acelerado, minha boca totalmente seca e meus dedos inquietos. Mas tudo isso parou, todo o nervosismo parou de modo instantâneo ao ver Maya em minha frente, a garota usava uma calça de moletom, uma camiseta larga e um coque no topo da cabeça, seu rosto amassado mostrava que a garota não acordou tão cedo quanto eu. Ela sorriu sem mostrar os dentes e eu retribui.

- Pode entrar, não tem ninguém que vai te matar. - Maya disse e assim que entrei ouvi barulhos sobre o piso, Augusto veio correndo até nós e me encarou, parecendo até mesmo que me questionava o motivo que demorei tanto pra aparecer. - Augusto é o único que tem a chance, ele sentiu sua falta quando a gente se separou. - Maya disse trancando a porta e colocando a chave no móvel ao lado. - Eu tava tomando café, pode ficar a vontade, só vou terminar, tá? - A garota disse e eu concordei, não havia conseguido dizer uma palavra se quer.

Eu me abaixei e Augusto se aproximou, assim recebendo afagos de minha parte.

- Oi Lindo, você tá muito amoroso, senti sua falta. - Disse e ele me lambeu, um sorriso surgiu em meus lábios. - Lindo, lindo, lindo! - Disse e ele saiu correndo, buscando um bichinho de pelúcia e eu tentei pegar para brincar com ele, porém ele fugiu.

- Ele não gosta de peguem esse bichinho. - Maya disse e eu levantei, meu olhar se encontrou com o dela, aproveitei para olhá-la novamente, ela estava apoiada na parede, com as pernas formando um quatro, enquanto bebia café em sua xícara favorita. Ela me olhava de modo indecifrável, não sabia o sentimento que ela carregava em seu olhar. - Você ficou muda? - Maya disse dando uma risadinha e eu neguei.

- Tá tudo bem? - Maya franziu as sobrancelhas. - De eu estar aqui, uma conversa acontecer. - Disse e Maya concordou.

- Tá em paz, quer sentar, essa porra tá quente demais, vou demorar uma hora pra conseguir beber. - Maya disse se separando da parede e caminhando até o sofá que havia ali. Augusto foi junto e deitou no tapete ao lado, eu me sentei no mesmo sofá da garota, mas deixando um espaço entre nós, Maya estava com as duas pernas sobre o sofá, ambas encolhidas, parecia uma contorcionista. - Fala aí.

Competição - Bruna MarquezineOnde histórias criam vida. Descubra agora