Competição - Bruna Marquezine

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Maya Fiore
4 de agosto de 2023
Los Angeles

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Desde o momento que me levantei da cama um sentimento ruim estava em meu peito, eu sabia exatamente o motivo - hoje é dia quatro de agosto, também conhecido como dia internacional de Bruna Marquezine - e estamos sem um resolução desde aquele dia. Bruna disse que queria espaço, eu dei. Ela disse que me procuraria, eu esperei. Mas nada aconteceu, eu não sei se tenho namorada, eu não sei se tudo acabou, eu não sei de nada.

- Bom dia, Lindão. - Disse saindo do quarto para que Augusto viesse até mim, mas o cachorro ficou parado no meio do quarto enquanto me olhava. Eu caminhei até ele e vi que ele tinha companhia. Marquezine estava ali, ela me olhou dos pés a cabeça, eu vestia apenas um top e uma samba canção, chegava a ser esquisito. - Ah, você apareceu. - Disse dando um sorriso sem os dentes e Bruna concordou.

- Acho que a gente tem coisas pendentes, né? - Ela disse e eu concordei enquanto continuava meu rumo até a cozinha, Marquezine continuou no sofá, meu apartamento era pequeno o suficiente para que continuássemos próximas. -  Eu não sei o que fazer, Maya. - Bruna admitiu e eu continuava concentrada em meu suco que caia no copo. - Eu não sei o que é o certo. 

- Se for pra gente continuar você precisa confiar em mim. - Disse deixando meu olhar se conectar com o dela pela primeira vez. - Você sabe disso, você e eu sabemos que você não confia em mim o suficiente. 

- Eu confio em você. - Bruna me interrompeu e eu dei ombros.

- Se confiasse a gente não estaria tendo essa conversa. - Disse apoiada no balcão da cozinha. - Essa é a minha opinião.

- Mas eu confio em você, Maya. - Bruna disse e seus ombros relaxaram. - Eu surtei por nada, eu reconheço, eu errei em ter falado com você daquele jeito, por ter demorado tanto. - Bruna disse e eu apenas olhava todos seus gestos, meu coração já estava quebrado a dias. - Eu gosto tanto de você, gosto mesmo, você fez uma parte de mim voltar a vida. - Bruna disse sorrindo um pouco e eu respirei fundo.

- Eu não duvido disso, nunca duvidei. - Disse repousando o copo na pedra a minha frente. - Mas eu não posso dizer que vou conseguir voltar ao normal, como se nada tivesse acontecido. - Disse e Bruna concordou. 

- Mas, talvez a gente possa tentar, podemos conversar, entender tudo. - Bruna disse e eu dei ombros. - Maya, vamos chegar em alguma resposta, eu cansei desse limbo que a gente ta vivendo. Eu sinto sua falta. 

- Eu também sinto a sua. - Disse e a expressão de Bruna ficou menos tensa. - Mas, Bru, eu não sei se quero isso. - Disse sendo verdadeira e novamente a garota ficou tensa. - Você me disse pra sempre ser verdadeira com você, eu tô sendo, por você e por mim. - Disse e um silêncio tomou conta do lugar. Augusto nos olhava, parecia que ele entendia a situação, seus olhos pareciam preocupados. 

- Então é isso? 

- O que? 

- A gente. - Bruna disse e encarou as próprias mãos. - A gente acabou? - Ela disse e me encarou. 

- Bruna, relacionamento não é só amor. - Disse e acabei rindo. - Sua mãe mesmo me disse, só amor pode não ser o suficiente.

- Disse? 

- Disse, talvez ela também me visse como infiel. 

- Eu não te vejo como infiel.

- É, sei lá. - Disse colocando o copo na pia e me sentando no sofá, Bruna parecia nervosa com nossa proximidade. - Bruna, eu não queria que a gente acabasse, muito menos por uma coisa tão idiota, mas foi uma coisa que me machucou muito, você podia ter conversado comigo.

- Eu errei, Maya. - Bruna disse e colocou a mão em meu joelho. - Desculpa.

- Não precisa, só é complicado. - Disse sem olhar pra garota. - Como que a gente continua juntas? Eu iria pensar que você se acha a maior corna do mundo, ia me culpar a cada coisa que eu fizesse, ia querer me justificar por tudo. - A encarei. - Isso não é algo saudável. 

- Eu sei que não, mas não precisa ser assim.

- Mas vai. - Disse frustrada. - Mesmo que você tenha confiança em mim, eu não vou acreditar. - Disse e Bruna negava. 

- A gente pode tentar.

- Eu já estive num inferno desse, Bruna. - Disse séria. - No meu ex relacionamento foi assim, ela achou uma vez que eu trai ela, eu não traí, ela disse que acreditava em mim depois de uma briga fodida, nunca mais minha cabeça ficou em paz, independente dela pegar no pé ou não. - Disse e estralei meus dedos. - Não dá, não funciona, é querer encaixar um quadrado em um buraco circular, as coisas não dão certo. 

- Você prefere nem tentar?

- Eu prefiro acabar enquanto podemos ter lembranças de coisas boas. - Disse me encostando no sofá com os braços cruzados. - Agora não dá, de verdade, eu pensei tanto nesses dias, eu literalmente acordava e dormia pensando nisso, eu não saberia lidar de modo correto. 

- Mas a gente pode aprender, Maya.

- Eu não quero tentar reconstruir algo e me arrebentar inteira. - Disse e encarei Bruna. - Muito menos te arrebentar.

- Você tá me arrebentando.

- Menos do que seria.

- Como você pode ter tanta certeza? Você acha que eu fico feliz em você nem tentar? 

- Você me ensinou a pensar um pouco em mim, Bruna, isso que tô fazendo, desculpa. - Disse e me levantei. - Não tá sendo feliz pra mim, nada de bom, você acha que eu quero me separar de quem eu amo? Bruna, agora eu realmente não ia conseguir fazer a gente ser feliz. 

- Você tem certeza? - Bruna disse e eu concordei. Marquezine se levantou e ficou em minha frente. - Tudo bem, Maya, eu te amo. - Bruna disse com os olhos lacrimejados. - Caso você queira conversar de novo, você tem meu número, tá? - Concordei. - Eu te amo, desculpa.

- Eu te amo. - Disse e abracei a garota, ela desabou em meus braços. - Bru, vai ficar tudo bem, tá? - Disse fazendo carinho em seus cabelos e ela concordava. - Se você precisar de mim, me fala, eu gosto muito de você e podemos ser amigas. 

- Maya, não. - Bruna disse e me abraçou forte. - Eu te amo demais pra ser só sua amiga. - Eu abracei a garota de volta.

- Me desculpa. - Disse baixinho e Bruna colocou a mão em meu rosto encarando-me.

- Não se desculpa, você tá certa, se for pra ser a gente, um dia a gente acaba se encontrando de novo. - Bruna disse e eu deixei um beijo em sua testa. - Se cuida, tá?

- Você também. Obrigada por tudo. - Disse e Bruna sorriu, a garota caminhava até a porta. - Bruna. - Disse e ela me olhou. - Parabéns pelos vinte e oito. - Disse e ela agradeceu, a garota se foi.

Em meu aniversário tudo estava começando, no aniversário dela tudo estava se acabando.