A SOMBRA DE VENEZA, Berlim ✓

﹙015﹚Aquele em que palmas tomam conta.

— COMO PODEMOS GARANTIR QUE NÃO VÃO ENTRAR? — Questiona Tóquio.

Estávamos em um banquete ao ar livre, todos reunidos. A mesa coberta por um pano vermelho quadriculado exibia uma variedade de alimentos, e o céu aberto permitia uma brisa suave, criando um clima ameno entre nós. — Porque trancaremos as portas por dentro. — a resposta minimalista e cômica de Denver foi instantânea. Sinceramente, não sei se ri mais de sua fala descontraída ou da imitação tosca da sua risada feita por Tóquio. Em meio às risadas coletivas, recostei-me na cadeira e observei.

— Não vão entrar porque ninguém na Espanha vai querer isso.— afirmou o homem ao meu lado com propriedade, estimulando minha reflexão. Nairóbi, sempre perspicaz, questionou: — Como? Vão fazer um plebiscito?— O silêncio gradualmente se estabeleceu, interrompido por imitações e brincadeiras, até que o professor retomou a palavra: — Ano, 2011. Grupo de jovens ocupa a Puerta del Sol, a praça mais simbólica da Espanha, reunindo mais de 20.000 pessoas.

— Se dissessem que 20 mil pessoas iriam acampar na Puerta del Sol por um mês, sem intervenção policial, jamais teríamos acreditado. —  Continuou o professor. Eu me inclinei discretamente na cadeira, olhando por cima do ombro dele, enquanto Berlim comentava relaxadamente: — Mas aconteceu, a polícia não agiu. — Ele estava despreocupado, encostado na cadeira, assim como eu. Seu terno elegante atraía atenção sob a luz do dia, e ele não parecia se importar. E eu também não, afinal, ele ficava irresistível.