A SOMBRA DE VENEZA, Berlim ✓

﹙029﹚Aquele em que há mais uma revolta

DESDE O DIA EM QUE IDENTIFICARAM AS PESSOAS que poderiam causar problemas, Arturo Roman estava em primeiro lugar na lista, especialmente para Veneza. Apesar de terem estudado apenas uma das reféns, Alisson Parker - considerada também um problema ambulante -, o diretor da Casa da Moeda emitia um desconforto evidente. Sua presença incomodava, e as atenções se voltavam para ele, não de uma maneira positiva.

Quando Rio revelou a manobra de distração, as coisas mudaram. Os reféns, incluindo Arturo, desconfiavam que o dinheiro era apenas uma enganação, mas agora tinham certeza de que estavam sendo enganados. Era simples: eles eram influenciáveis, e uma vez que uma ideia surgia e pelo menos um comprava, essa pessoa arrastava os demais como um efeito manada.

Uma mulher, cujo rosto exibia linhas de expressão, mas que parecia notavelmente jovem, ajeitava os cabelos pesados enquanto concentrava-se em empacotar o dinheiro. Observando Arturo discutir o estúpido plano de fuga com Mônica Gaztambide, ele exibia uma arma na cintura e zombava dos sequestradores de maneira teatral. A mulher desviou o olhar para o dinheiro novamente, suas mãos enrugadas trabalhando para se manter no papel, ela ansiava pelo fim daquilo.

Arturo era movido pelo instinto de querer aparecer como herói em situações de risco, criava planos e não hesitava em se mostrar grandioso às custas dos outros. Essa ânsia por ser um herói a irritava profundamente, a ideia de que as pessoas podiam alterar o curso dos eventos quando, na realidade, bastava seguir instruções para todos saírem ilesos.