A SOMBRA DE VENEZA, Berlim ✓

﹙028﹚Aquele em que o começo do fim está a algumas horas.

QUANDO ABRI OS OLHOS, A SENSAÇÃO INICIAL ERA de desorientação. O teto branco acima de mim parecia distante, e as vozes ao redor eram um murmúrio distante. Levei um momento para me situar, recordando a explosão de raiva durante a ligação com o Professor. Ao me erguer, percebi que estava em um sofá, Moscou ao meu lado, minha cabeça apoiada em sua perna, ele me observando com preocupação. Uma pontada na cabeça pulsava enquanto tocava a têmpora. Minha respiração estava pesada, mas ainda assim, esforcei-me para manter a consciência.

Nairóbi permanecia na sala, apoiada na mesa, lançando um olhar preocupado na minha direção. Não havia palavras, apenas um intercâmbio de olhares refletindo preocupação e, talvez, um vislumbre de compreensão. A sala estava impregnada de tensão, como se as paredes absorvessem a energia carregada do confronto.

Berlim permanecia desacordado no lado oposto do sofá, e a realidade da situação retornou. A semelhança entre a cena atual e a tragédia com Oslo surgiu novamente, e, para preservar minha saúde mental, tentei afastar esses pensamentos. Berlim estava ileso; este é o Berlim, não Oslo, ele está bem, vivo.

- E então, o que perdi? - indaguei com um toque de sarcasmo na voz. Era quase cômico como, antes de desmaiar, parecia à beira de um colapso, e agora sentia apenas como se minha cabeça estivesse constantemente batendo contra a parede, uma melhora, na minha opinião.

- O Professor está enfrentando alguns problemas. Disse que resolveríamos isso internamente para que ele pudesse se concentrar apenas na polícia - explicou Nairóbi do outro lado, com o rosto impassível.