Capítulo 12 - "Santa Mãe das Geadas"

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Capítulo 12 - "Santa Mãe das Geadas"

06 de Março.

Eu deixei escapar um grunhido abafado pela mão que ainda me calava. Me esforçando, consegui ver os vasos que percorriam minha pele pulsando violentamente, saltados.

Senti como se houvesse uma porta trancada dentro do meu corpo. Esta que foi destruída completamente em apenas um golpe. O som quebradiço ainda ecoava em meus ouvidos enquanto minha visão ficava embaçada. Lentamente eu senti as forças do meu corpo me deixando.

Meus músculos antes tensionados para forçar minha libertação agora estavam sendo desligados pouco a pouco, fazendo meus braços e pernas simplesmente repousarem sobre o chão frio. Eu mal conseguia ver o que estava acontecendo ao redor.

- Merda! Você tem dois?! Como isso é possível?! - John gritou, o som estava confuso mas eu ainda conseguia entender as palavras dele. - Não me falaram sobre isso! Achei que você só tinha um!

"Não posso desmaiar", eu pensei enquanto John continuava a esbravejar, "por favor, não posso desmaiar".

- Venha aqui! - A mão que me calava se afastou apenas para me pegar pelo pescoço, me erguendo, forçando-me a sentar. - Escuta aqui,... - John apertava mais a medida que se aproximava para falar. Eu conseguia sentir a respiração dele próxima. - ...Ou você me fala onde está a porra do segundo selo ou eu mesmo vou procurar!

"Selo?", eu pensei, enquanto levantava a mão trêmula, sem qualquer firmeza, me esforçando para fechar o punho e levantar o dedo médio.

John arregalou os olhos em uma expressão incrédula, me arremessando para o lado. Eu senti que bati contra a mesinha da sala de estar. Aquilo me fez sentir uma sensação diferente. Algo estranho que se tornava mais forte à medida que eu conseguia me recuperar de seja lá o que for que ele fez comigo.

O homem tatuado me acompanhou e me virou sobre a própria mesinha a qual eu atingi quando fui jogado naquela direção. Ele me mexia como se eu fosse um boneco de pano, parecendo procurar por algo sob minha pele. John fez vários movimentos até segurar no cinto da minha calça, ameaçando tirá-la para aumentar as buscas pelas minhas superfícies.

Aquilo acendeu uma luz em mim, fez minhas forças voltarem parcialmente. Eu segurei a mão dele com toda a força que eu tinha.

- Saia de perto de mim, seu velho asqueroso. - Eu disse enquanto assoprava uma mecha de cabelo que caía sobre meu rosto.

John manteve contato visual comigo enquanto segurava meu braço que o forçou a parar seu movimento anterior, aquilo fez com que eu o soltasse após forçar nossa separação. Ele ergueu minha mão me segurando pelo pulso.

- Isso é para você ficar quieto. - John disse enquanto forçou ambas as mãos na extensão do meu punho. Ouvi um outro "crack". Meu pulso estava quebrado.

Durante alguns segundos eu mantive a calma e pensei em como lutaria sem uma das mãos mas, de repente, uma sensação foi transmitida por todo o meu corpo, como se meus nervos gritassem em completo desespero.

John afastou-se um pouco, como se quisesse ver com clareza a minha reação.

Eu me contorci, cheguei a cobrir minha boca com minha outra mão. Nada que eu fazia funcionava, aquela sensação não ia embora. Como se meu corpo estivesse gritando, esquentando para se auto-destruir. Senti meus olhos encherem de lágrimas e minha garganta doer, impedindo à força os gritos de saírem.

Aquela sensação... era dor?

Olhei para o lado ainda me contorcendo, me debatendo. Vi meu pulso levemente entortado, como um garfo. Tentei movê-lo mesmo assim e a sensação piorou. Eu estava ofegante, em completa agonia, sentindo o suor frio escorrendo pela minha pele.

Lu de LúciferWhere stories live. Discover now