Capítulo 21 - "Lúcifer, o filho que se rebelou contra Deus"

3 1 0
                                    

  Capítulo 21 - "Lúcifer, o filho que se rebelou contra Deus"

09 de Março.

De alguma forma, John conseguiu ativar o feitiço nos três papéis. Tudo o que pude fazer foi me virar de costas e envolver Frost na intenção de protegê-la da explosão.

O som foi estrondoso e, logo, seguiu o caos da estrutura da fábrica desabando pilastra após pilastra. A cada parede que eu ouvia desabar, esperava a sensação de ser esmagado e morto pela catástrofe mas, para a minha surpresa, não foi o que aconteceu.

Tossi com a poeira que havia subido e, finalmente, abri os olhos. Estávamos caídos e Frost estava abaixo de mim. Havia um pequeno ferimento em sua cabeça e ela estava desacordada mas, com a nossa proximidade, pude sentir sua respiração e seu coração ainda pulsante. Acima de nós uma parede de pelos brancos. O lobo se sacudiu para derrubar os escombros que caíram sobre suas costas.
O bestial parecia exausto, mas a explosão nem se compara com as coisas às quais foi submetido naquele lugar.

O lobo saiu de cima de nós cuidadosamente. Quando olhei ao redor, toda a sala havia sido destruída e, na extremidade superior à direita do local, havia um enorme buraco que levava à superfície. Vi as costas de John se afastando, pisando sobre a neve do lado de fora.

"Todos os outros estão lá fora...!", eu pensei, me levantando. Senti algumas dores nos músculos das pernas e dos braços mas, enquanto não sangrasse pelo ferimento da mordida, eu ficaria bem. Mas não quis deixar Frost para trás.

- Frost? Frost! - Eu sacudi a mulher fria desesperadamente na intenção de fazê-la acordar. Ela grunhiu e seus olhos lutaram contra as pálpebras para que elas se abrissem. - Frost, temos que ir! John foi atrás dos outros!

- C-Céu Azul...? - Frost tossiu ao respirar a poeira dos escombros ao redor. Sua mão foi levada à cabeça que, com certeza, latejava pela queda. -- ...V-Vamos...

"Ela não pode lutar assim", eu pensei. Meu coração voltou a acelerar. O perigo se aproximava dos meus companheiros que lutavam do lado de fora e minha companheira estava ferida aqui dentro. O que eu faria? O que é certo fazer agora?

A mulher fria insistiu em se levantar. As pernas lentamente se sustentaram enquanto os braços se apoiaram em mim. Seu olhar cruzou com o meu.

- Vamos ajudá-los. - Ela disse, quase caindo ao avançar um passo e tropeçar em um escombro. O lobo abaixou-se para que pudesse apoiá-la e impedir a sua queda.

Talvez a resistência de Frost tenha me ensinado uma coisa naquele momento.

Atravessamos a enorme abertura criada pela explosão gerada pelo feitiço que John ativou, me deparei com o céu nublado do início da noite. A luz quente já não estava presente naquela floresta durante o dia inteiro e, agora, estava começando a escurecer.

Saí primeiro. Senti uma parte da panturrilha arder em um novo tipo de dor. Direcionei o olhar, notei uma queimadura. Provavelmente por causa da explosão.
Andei alguns passos sobre a neve e constatei que aquilo, apesar de extremamente doloroso, não me impediria de andar.

Olhei em direção à luta. Os religiosos estavam espalhados pelo manto frio daquela floresta. A maioria estava estática, encarando a explosão. Alguns gritavam. Outros corriam na direção da fábrica em completo desespero por terem visto seu lar explodir e queimar. A agonia pela perda que eu conhecia muito bem.

Em meio àquele mar de tristeza e angústia, vi um movimento entre as árvores altas cobertas pela neve.

John estava lutando. Os golpes incessantes acertavam impiedosamente os braços de Aki, que se defendia enquanto ofegava com o cansaço. Logo atrás vi outras silhuetas. Provavelmente meus outros companheiros que participavam da missão ao meu lado.

Lu de LúciferDonde viven las historias. Descúbrelo ahora