Capítulo 14 - "Ele é tudo o que eu tenho"

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Capítulo 14 - "Ele é tudo o que eu tenho"

07 de Março.

Kazami voltou a olhar a caixa. Não havia notado antes mas, embaixo da peça de roupa antiga, tinham várias outras fotos. Todas com o mesmo grupo de pessoas rodeando o homem que carrega o sobrenome de sua família.

O asiático guardou a foto na caixa onde estava, colocando a jaqueta por cima novamente. Sabendo o que ele sabia agora, Kazami precisava voltar para a cidadela o mais rápido possível.

Poucos segundos depois de encaixar a tampa na caixa, a porta do quarto se abriu,

- Senhor, creio que o horário da visita acabou. - Disse um homem vestindo o mesmo uniforme branco dos demais que trabalhavam lá, havia apenas um diferencial: um boné sobre o cabelo cinzento. Kazami não conseguia ver seu rosto com clareza.

- Ah, claro. - Kazami concordou prontamente, se aproximando de novo do homem em coma, segurando sua mão de forma emotiva. - Só deixe eu me despedir dele, por favor.

O funcionário concordou com a cabeça e recuou um pouco, aguardando no corredor.

- Talvez eu esteja errando a atuação de primo...- Kazami sussurrou, soltando a mão do homem em coma, o olhando com os olhos cerrados. - Não podemos parecer namorados. Somos parentes. - Ele encarou a caixa e, em seguida, deu mais uma olhada no homem em coma. - E eu sou comprometido.

Calculando o tamanho não tão grande da caixa com alguns poucos pertences, Kazami constatou que ela não era tão grande nem tão profunda a ponto de precisar sair da instalação com ela à mostra para todos verem. Ele aproveitou a falta de atenção do funcionário e colocou a caixa dentro do suéter, a escondendo com ele.

Por fim, ele abaixou-se na altura dos ouvidos do homem em coma.

- Eu vou voltar. Só espere mais um pouco. - Ele sussurrou, sorrindo em seguida. - Além disso, foi um prazer te conhecer.

Kazami já tinha uma ideia de quem poderia ajudá-lo a acordar, mas com toda certeza não seria uma tarefa fácil.

Por fim, ele saiu do quarto, encontrando-se com o funcionário que ainda o esperava.

O de olhos vermelhos foi acompanhado pelo homem de boné até a recepção. No caminho, Kazami notou que Jeffrey havia lhe dado uma informação verídica. De fato, havia um Kazami que precisava de ajuda naquele local. Mesmo assim, ainda havia alguma coisa errada naquilo tudo, mas o que?

Imerso em seus pensamentos, ele encarou o chão um pouco a frente, passando os olhos pelo funcionário que o guiava até a saída.
"Tudo está sendo fácil demais", Kazami pensou enquanto subia o olhar até o antebraço do homem de boné. Ele tinha uma tatuagem. Um desenho de espelho quebrado. As rachaduras formavam uma palavra.

- "Karma"? - Kazami sussurrou, franzindo as sobrancelhas.

Seus olhos já haviam visto aquela tatuagem antes. Era o símbolo que os demônios que acompanham Jeffrey carregavam. Ambos de aparência marcante pela tatuagem idêntica a que o funcionário a frente possuía.

- Você já percebeu? - O homem à frente perguntou, parando seus passos.

Eles já estavam na recepção. As pessoas ao redor continuavam trabalhando normalmente. Ou pelo menos era o que parecia.

Kazami ocasionalmente escutava o som das teclas do computador da atendente atrás do balcão. Os sons eram repetitivos e viciantes, como se fosse um vídeo dando replay. Na direção da janela, ainda estava a mesma funcionária ajustando uma maca para que um paciente pudesse pegar Sol. Mesma posição e mesmos movimentos de antes. O cenário se repetia.

Lu de Lúciferحيث تعيش القصص. اكتشف الآن