Capítulo 37 - "Ele nunca amaria você"

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Capítulo 37 - "Ele nunca amaria você"

14 de Março.

Aki estava paralisado. Viu Lúcifer dar-lhe as costas e ir embora, obedecendo o comando de Jeffrey.

Quando seu amor desapareceu ao atravessar a porta no fim do corredor escuro, pensou que sentiria raiva. Naturalmente, em uma situação como esta, a ira era o que tomaria conta de cada partícula do corpo daquele japonês. Porém, o que surgiu atacando impiedosamente foi o sentimento com o qual Aki menos sabia lidar: a tristeza.

O silêncio ensurdecedor do salão vazio fez Aki se arrepiar pela primeira vez em muito tempo. Os olhos verdes fitavam a porta fechada à sua frente, torcendo para que ela se abrisse com o retorno de Lúcifer.

Cada extremidade daquela mente desgastada e daquele coração ferido torciam para que a situação em que estava não fosse real. Queria que tudo não passasse de um pesadelo.

Então, Aki encarou as próprias mãos sentindo que suas oportunidades de alcançar a paz haviam acabado de escorrer pelos seus dedos. No fim, perguntou-se em que momento as coisas haviam saído de controle daquela forma, assim, lembrou-se da luta que teve com Jeffrey. Ou melhor, a armadilha.

Naquela manhã, Aki havia seguido para o local indicado por Jeffrey. Como combinado, o nova-iorquino escolheu o local onde lutariam: o cassino The Stars, em Ottawa.

A culpa corroeu ainda mais o coração de Aki ao perceber que, olhando o passado, no momento em que se dirigiu até o local indicado, a possibilidade de estar indo em direção à uma armadilha veio à sua mente. No fim, achou que saberia lidar com tudo sozinho. Pensou que conseguiria resolver qualquer tipo de problema que o atrapalhasse naquela missão de eliminar Jeffrey. Aki estava errado.

O primeiro sinal estava claro com a figura conhecida que surgiu à sua frente antes de atravessar a porta do cassino: Chisa.

- Akira! - Chisa correu em sua direção, levantando-se do degrau da entrada do grande estabelecimento. As mãos frias e trêmulas agarraram os braços do mais alto e os olhos azuis o encararam de forma anormalmente ansiosa. - Não deve entrar! Vá embora! Volte para o mestre– O mais baixo engoliu suas palavras ao perceber o que deixara escapar. Ele logo recuou e se recompôs, abaixando a cabeça pela culpa que sentia ao chamar seu mestre de forma tão informal. - ...Volte para o Lúcifer, Akira.

Naquele momento, Aki franziu as sobrancelhas de forma confusa, sem entender o porquê da presença de seu amigo, muito menos as suas falas estranhas. Mas como ele entenderia? Não fazia ideia do que Chisa havia passado mais cedo naquele mesmo dia.

- Do que está falando? Não me atrapalhe. - Aki disse, ríspido, passando por Chisa, esbarrando em seu ombro.

O mais baixo rosnou, irritado com a teimosia. Apesar disso, entendia a indiferença de Aki uma vez que, em seu lugar, também não ouviria uma pessoa falando de forma tão vaga assim.

- Eu vou te mostrar, então...! - Chisa disse, recuando um passo na calçada em que estava.

O de olhos verdes parou ao ouvir suas falas, virando-se na direção de seu amigo, ainda sem entender.

Uma rajada de chamas azuis viajaram na ventania que engoliu o corpo de Chisa, fazendo Aki recuar ao ver tamanho poder sendo manifestado pelo amigo que acreditava ser humano. Quando a energia se dissipou, outra figura foi revelada: uma raposa.

Os longos cabelos cor de lavanda caíram sobre seus ombros cobertos pelo moletom negro. A longa cauda felpuda esticou-se fazendo com que sua calça fosse levemente empurrada para baixo. Logo aquele amontoado de pelos transformou-se em nove caudas, separando-se uma da outra, balançando feito serpentes prontas para atacar.
Os olhos azuis e afiados encararam Aki. O olhar carregado de culpa se destacava nos padrões cor de rosa espalhados pela sua pele.

Lu de LúciferWhere stories live. Discover now