Os Jardins

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Mont Fall,  território real Del'lunna
Final do inverno

Ao contrário do que esperava ao ver um jóquei sozinho, o rapaz não estava acanhado em se misturar com aquela gente que não o considerava como um igual. A única coisa que parecia importar era o ritmo da música, os pulos, os passos. Quando virava e Yoongi podia ver seu rosto, estava sempre decorado com um sorriso, mesmo que nem sempre fosse direcionado ao seu par.

Nunca tinha dado muita atenção aos jóqueis durante a corrida, eles eram como figurantes perto dos cavalos e, para Yoongi, não faziam muita diferença na hora de ganhar ou perder.

Apenas agora, vendo aquele rapaz longe do hipódromo e no meio de um ambiente que Yoongi estava familiarizado, ele pôde o enxergar como alguém além de sua profissão.

Sentiu curiosidade em conhecer quem sempre o guiava para a vitória. Certamente uma pessoa muito habilidosa estava por trás daqueles títulos consecutivos.

A dança já estava no fim e assim que os músicos pararam para descansar antes da próxima, o salão virou um formigueiro novamente e o rapaz de blusa verde desapareceu na multidão.

- É melhor eu descer e colocar um pouco de juízo na cabeça dessa menina, antes que ela desgrace o próprio nome.

Ele voltou a ouvir as duas senhoras bem vestidas que estavam ao seu lado, dessa vez caminhando apressadamente em direção às escadas que davam ao salão de dança.

Certamente alguém dormiria de orelha quente essa noite, o conde pensou, mas não se importou muito. Era melhor que uma jovem tivesse uma companhia rígida para a aconselhar do que ser vítima das crueldades da sociedade mais tarde, sem ao menos saber da injustiça pela qual está sendo julgada.

Bebendo o champanhe e observando as pessoas lá embaixo , não demorou para a sua mente começar a vagar mais uma vez.

No salão figuras conhecidas surgiam e desapareciam. Viu Namjoon sussurrar no canto da sala com uma pessoa alta que ele não conseguiu identificar por baixo de um capuz que usava, mas imaginou ser um dos serventes reportando algo. Do outro lado Taehyung ria, visivelmente bêbado, sendo puxado por duas damas igualmente alegres pela porta, sumindo corredor adentro. E quase escondido atrás de uma pilastra, um pequeno servente subia na cadeira, olhando o salão como se procurasse por alguém.

Talvez por causa da bebida, mas tudo parecia confuso e o movimento das pessoas começava a deixá-lo tonto. Sentindo o ar abafado, saiu do balcão em direção à uma das varanda do segundo andar em busca de ar fresco.

A brisa da noite acalmou seus sentidos e ele se sentou em um banco de pedra, localizado entre a grande porta de madeira e o muro que cercava a varanda, longe da luz que vinha do salão. Talvez escondido ali ninguém percebesse sua presença ou o tirasse do lugar.

A varanda voltada para a parte de trás do palacete era grande e arredondada, cercada por um parapeito de mármore branco onde algumas plantas rasteiras se agarravam. Oposto ao lado dele, também escondidos, havia um casal trocando flertes discretos, e no centro encostados na marquise estava um grupo de jóqueis rindo e conversando.

A maioria dos jovens competidores não tinha coragem nem disposição para entrar no salão e encarar os olhares de desprezo, então preferiam ficar na varanda ou pelos jardins junto aos seus.

Vermelho, amarelo, roxo... várias cores apareciam nas roupas dos rapazes jovens, mas nenhuma delas era o verde que o conde havia visto no salão, imaginou que o outro tivesse voltado a dançar assim que os músicos recuperaram o ritmo, então não prestou muita atenção no grupo.

Seu olhar se desviou para o relógio que tirou do bolso do colete, pendurado por uma corrente de prata. Ainda era cedo demais para ir, teria que aguentar um pouco se não quisesse ouvir as reclamações do Duque no dia seguinte. Ao menos sentado ali só precisava esperar o tempo passar sem precisar se emportaem em ser visto.

Dente De Leão | SOPEWhere stories live. Discover now