-capítulo 19-

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-EVALIN-

A estalagem onde Evalin estava hospedada se chamava Rosa do Oceano, e, segundo Marcus, era o lugar mais luxuoso da cidade.

As paredes eram de madeira, repletas de quadros retratando paisagens de praias e florestas tropicais. Os móveis antigos eram no estilo barroco. A janela enorme fornecia uma vista panorâmica de Baía da Caveira, que parecia ficar cada vez mais cheia de vida conforme anoitecia. Depois que o trabalho no porto acabava, os estivadores iam se divertir nos bares da cidade. Mesmo do quarto, Evalin conseguia ouvir ao longe o som de sanfonas e a cantoria dos marujos bêbados.

A jovem sorriu, imaginando como seria se Gwen estivesse ali. Fazia menos de cinco dias desde que tinha se separado da amiga, mas já sentia saudades. Sua dama de companhia provavelmente odiaria Baía da Caveira, porque ela odiava praia, sol e sujeira.

Kaden, por outro lado, provavelmente teria gostado bastante daquele lugar. O mormaço dali sem dúvida era muito melhor do que o frio dos Desertos Congelados, onde o jovem estava naquele momento.

A princesa tinha passado as últimas horas deitada na sua grande cama, tentando decidir o que faria. Não era como se ela pudesse simplesmente voltar para Orynth, assim como Rolfe ordenara... seria humilhante, depois de ter fugido. Ela precisava arrumar um jeito de ficar em Baía da Caveira. Tecnicamente, Rolfe não podia obrigá-la a sair, podia? Quer dizer... Evalin era uma princesa, e o velho era apenas um simples lorde.

Mas mesmo assim... ela sabia que deveria ser esperta ao desafiar as ordens de Rolfe. Afinal, estava na cidade dele, muito longe dos seus aliados em Orynth.

Ainda matutando aquele assunto, Evalin se virou na cama, colocando a mão debaixo do seu travesseiro. Ela se surpreendeu quando seus dedos tocaram um objeto duro e circular, que estivera escondido abaixo da sua fronha.

Evalin se levantou, surpresa. Ela ficou de joelhos na cama, sacudindo a almofada.

Cinco pequenos embrulhos dourados caíram sobre a sua palma estendida. Bombons de chocolate.

Um sorriso verdadeiramente enorme surgiu nos lábios da princesa.

Ela comeu os bombons, um por um, e ao vasculhar a fronha à procura de mais, encontrou um bilhete. Um pequeno pedaço de papel esverdeado, escrito numa caligrafia rápida e simples:

Minha cara e estimada princesa,

Comprei esses em uma doceria em Orynth. Por favor, guarde alguns para mim.

Todo seu,

Marcus Lawrence.

Evalin sorriu.

Ele pode ser um mulherengo paquerador. Mas deuses, como ele é bom nisso.

*

Mais tarde, Marcus apareceu no seu quarto para buscá-la.

No tempo livre, Evalin tinha lido mais alguns capítulos de Canção do Vento Oeste, além de trocado seu vestido por roupas mais apropriadas para a sua estadia na cidade pirata: uma calça de couro marrom, um corpete e uma camisa branca de mangas bufantes. Vestida daquele jeito, ela se parecia menos com uma princesa, e mais com uma das muitas piratas aventureiras que habitavam aquela cidade.

—Espere aí— disse a princesa, quando ouviu a batida na porta. Ela se levantou e foi atender.

Marcus estava do outro lado da porta, tão irritantemente lindo como sempre. Ele tinha uma aparência enloquecedoramente natural... como se seus cabelos ainda estivessem molhados com o sal do oceano.

WILDFIREWhere stories live. Discover now