-capítulo 9-

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Evalin amava as docas. Ela nunca soubera exatamente o porque.

Talvez fossem os mercados abarrotados e vibrantes que cercavam o rio Florine, vendendo de tudo. Talvez fossem os navios que atracavam no pior, trazendo histórias de terras distantes. E talvez fosse a multidão... que mesmo do interior da carruagem real, ela podia ver reunida no cais.

Ao seu lado, se sentavam a sua mãe, seu pai e seus irmãos. Eles se debruçavam contra as janelas do veículo, acenando para as pessoas na rua. Apenas Nerissa permanecia encolhida num canto, brincando com o tecido azul do vestido. Sua irmã odiava aparições públicas, mesmo que não fosse exatamente uma pessoa tímida.

Trombetas soaram quando a carruagem estacionou. Um criado abriu a porta, ajudando sua mãe a sair. À primeira visão da rainha, o povo irrompeu em aplausos.

Sem esperar a multidão se acalmar, Evalin agarrou a mão do criado e saltou o degrau que separava a carruagem do chão. Atrás de si, Kaden respirou fundo, checando mais uma vez o estado da sua armadura.

Quando os cinco irmãos saíram para o ar livre, eles foram ovacionados pelo povo. Evalin abriu um largo sorriso. As pessoas pareceram gostar daquilo... e isso tirou um enorme peso de cima das costas da jovem.

Seu povo gostava dela. Confiava nela, como sua princesa herdeira. E Evalin não os decepcionaria.

Acenando para os súditos, a família real percorreu o caminho rumo ao píer. Vários grupos de garotas pareceram ter um ataque quando Kaden passou perto delas. Evalin conteve uma risada. Era bom que seu irmão achasse logo uma parceira e que essa fosse alguém de vontade de ferro, porque pelo amor dos deuses!

Quando eles chegaram nas docas, as velas do navio já estavam içadas, prontas para a partida. Com o vento leste a favor e a magia de Rowan para ajudar a impulsionar a embarcação, seus pais provavelmente chegariam em Wendlyn em questão de dias.

—É bom vocês se comportarem em quanto estivermos fora— falou seu pai, assim que eles estavam longe o bastante da multidão —Principalmente você, Sam. Se o Aedion nos escrever dizendo que você explodiu outro banheiro...

—Relaxa, pai! Eu não faço mais isso!— o menino se virou para Eve e cochichou —Meu negócio agora são os guarda-roupas. Faz muito mais barulho!

—Se você colocar uma bomba no meu guarda roupa, eu juro que te mato— disse Owen.

—Ah, como se o seu guarda roupa fosse fazer muita falta!— Nerissa riu —Suas roupas são todas iguais!

Owen revirou os olhos. Ele provavelmente estava esperando que aquilo acabasse logo, para que pudesse voltar para o castelo e fazer... o que quer que um adolescente de 18 anos fizesse no seu tempo livre.

Mas o jovem não era o único desconfortável ali. Aelin parecia distante... e dando olhares de esguelha para Nerissa.

Elas tinham brigado de novo?

Evalin suspirou. Entre a arrogância incendiária de uma e a rebeldia incontrolável da outra, a herdeira já estava ficando cansada de servir de amortecedor nas discussões entre a mãe e a irmã. Porque elas não podiam se entender de uma vez?

Eve demorou para perceber que um macho que descera do navio, cantarolando. Ele era alto, de cabelos encaracolados, embora não o suficiente para esconder as orelhas ligeiramente pontudas que o marcavam como um semifeérico. Devia ter por volta de 30 anos... embora fosse difícil dizer ao certo.

Ao ver o estranho, Rowan e Aelin correram para cumprimentá-lo. Pela maneira com que eles conversaram com o homem, sorrindo e dando tapinhas em suas costas, ficou óbvio que eram velhos conhecidos.

WILDFIREWhere stories live. Discover now