-capítulo 1-

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-EVALIN-

Evalin Ashryver Whitethorn Galathynius, primogênita da linhagem Galathynius e herdeira do trono de Terrassen, decidiu que não gostava de corseletes.

Não era nem porque eles eram apertados. Era porque pinicava.

Certo, talvez isso não se devesse apenas ao corselete, mas também ao vestido que sua mãe lhe emprestara para aquele dia. Era um vestido verde, com mangas de seda e saia esvoaçante. Nem quente demais, nem frio demais. Perfeito para o verão de Terrasen.

''Não cabe mais em mim desde que eu Estabilizei'', era o que Aelin havia dito ''mas vai ficar lindo em você. Só tente ficar longe dos garotos, ou seu pai vai ter um ataque de ciúmes''.

Evalin sorriu ao pensar naquilo. Seu pai, o príncipe Rowan Whitethorn, era de fato muito ciumento. Ou, como sua mãe gostava de chamá-lo, um ''busardo feérico insuportavelmente territorial''.

A jovem encarou seu reflexo no espelho. Talvez, naquela noite, seu pai tivesse realmente motivos para se preocupar. Por mais desconfortável que fosse, o vestido até que ficara bonito nela: a seda verde-pinho era exatamente do mesmo tom dos olhos da princesa.

Aquele era o verde de Terrasen. O verde das florestas e pradarias do reino que Evalin um dia governaria.

Porém, antes que a jovem tivesse mais tempo para admirar a roupa da mãe, a porta do seu quarto se escancarou e sua dama de companhia, Gwen, entrou, esbaforida. Aquilo fez a herdeira se sobressaltar. Ela ainda não estava pronta!

—Eles estão aqui!— anunciou a lady, uma jovem pálida de cabelos negros —Meus pais, Dorian... todo mundo— então, ela percebeu que a princesa ainda não tinha terminado de se aprontar —Por Wyrd, Eve, você ainda não prendeu o cabelo?

—Eu estava colocando o vestido!— a herdeira tentou se justificar.

—Pelas últimas duas horas?— Gwen franziu as sobrancelhas. Ela era muito parecida com a mãe, Elide, mas tinha herdado os olhos escuros e penetrantes de Lorcan —É um vestido, não uma armadura de combate!

Enquanto Gwen ia buscar a escova e os grampos de cabelo, Evalin se sentou em frente a penteadeira. Com pressa, a dama de companhia começou a desfazer a trança na qual os seus cabelos dourados estavam presos.

—Certo, eu estava lendo e perdi a hora— a princesa admitiu. Gwen riu pelo nariz, mas não pareceu nada surpresa.

Não era a toa. O fato de que Evalin tinha herdado a paixão incondicional da mãe pelos livros não era nenhum segredo na corte. Somado a isso, também havia o seu amor pela música. Ela nunca perdia uma apresentação do Teatro Real de Orynth, e sempre que podia, arrastava seu irmão Kaden para os concertos.

Porém, não era apenas emersa na arte e na literatura que Evalin passava os seus dias. Não, como herdeira, ela tinha uma tonelada de responsabilidades políticas. Ajudar a mãe com as papeladas, lidar com lordes chatos e rabugentos, supervisionar as seções do Congresso do Povo...

Isso sem contar os treinamentos de magia, que aconteciam todos os dias depois do almoço e dos quais ela era obrigada a participar para aprender a controlar o fogo que ardia em suas veias. Seu pai e o Lorde Lorcan se revezavam para ensinar a classe, que incluía não somente Evalin e seus irmãos, mas também Gwen, Malcolm e Myra.

''Aprender a domar seus poderes é essencial'', era o que Rowan costumava dizer. ''Precisa controlar sua magia, ou ela controlará você''.

—Para variar!— Gwen suspirou, arrancando a princesa dos próprios pensamentos —Entre você e Sam, fico surpresa que os livros do reino ainda não tenham acabado. Sabia que semana passada, seu irmão foi pego tentando invadir a biblioteca de Orynth a noite para ler os livros das seções reservadas?

WILDFIREWhere stories live. Discover now