FOGO SELVAGEM
-Vinte e dois anos após a Guerra dos Valg, Terrasen finalmente está em paz. Sob o governo da gloriosa Aelin Galathynius, os demônios sombrios foram exilados e a chama imortal de Mala brilha mais forte do que nunca. Agora, o destino dos...
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-NERISSA-
Soltando a toalha que prendia seus cabelos molhados, Nerissa deixou as meccas prateadas lhe caírem sobre os ombros.
A jovem se recusara a secá-los após sair do banho. Também se recusara a trocar a camisola, um modelo curto e fresco, por algo mais apropriado ao outono gelado do norte. De olhos fechados, ela se jogou no sofá e seus músculos exaustos suspiraram, gratos por aquele merecido descanso.
Depois de horas e horas de jantar enfadonho (embora a comida estivesse deliciosa, isso ela tinha que admitir), Nerissa podia finalmente dormir!
Era estranho... durante todo o jantar, tudo no que conseguira pensar fora em voltar para o quarto, para enfim cair na cama depois daquele dia exaustivo. Mas agora que estava sozinha, a jovem se sentia estranhamente desperta. Como se a lua e as estrelas implorassem para que ela ficasse acordada.
Entediada, Nerissa correu os olhos pelos seus aposentos, vendo se o sono chegava.
O quarto podia ser simples, mas era lindo. A cama era feita de mogno, as colunas entalhadas com desenhos de flores silvestres. As cortinas tinham detalhes bordados em prateado. Tapeçarias enfeitavam as paredes. Vários móveis completavam o espaço vago, incluindo o enorme sofá cor de creme no qual ela estava sentada.
Mas nada daquilo se comparava à decoração principal: o teto.
Quando Evalin tinha 12 anos e Nerissa, 7, Rowan e Aelin decidiram presentear as filhas com pinturas nos aposentos. Sua irmão sempre fora louca por livros, por histórias de aventuras em terras distantes. Ela tinha o sonho de conhecer o mundo. Então, o teto do quarto de Eve fora pintado como um enorme mapa, que representava aquele continente e outros além.
Já os aposentos de Nerissa... eles também eram enfeitados por um mapa, mas não um da terra de Erilea. Ou de qualquer terra, na verdade.
Era um mapa do céu. Uma pintura imensa que mostrava a localização dos astros, das estrelas e da lua. Como se o artista tivesse trazido o próprio céu noturno para dentro do quarto da princesa.
Assim como sempre fazia quando não conseguia dormir, Nerissa admirou os intricados padrões de estrelas, fases lunares e galáxias. Aquela era uma pintura encantada. Todos os dias, os desenhos brilhavam e se mexiam para acompanhar a posição dos verdadeiros astros. De todas as constelações, só havia um que nunca saía do lugar.
O Senhor do Norte. A favorita de Nerissa. Não importava a época do ano, ele sempre cintilava logo acima da cabeceira da sua cama. Protegendo-a durante o sono, como um anjo da guarda.
A jovem amava aquela pintura. Amava o céu noturno do fundo do seu coração, quase tanto quanto amava caçar.
Um vento gelado soprou por através da janela aberta, fazendo as bordas da sua camisola ondularem. Um arrepio percorreu o corpo de Nerissa.
