-chapter 18-

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—MARCUS—

Até alguns dias atrás, Marcus Lawrece achava que sabia o que era se meter em encrenca.

Não apenas em Baía da Caveira, mas em todos os portos e arquipélagos daquele continente e de outros, ele tinha fama de encrenqueiro. Tinha fama de ser um libertino e um conquistador, que não hesitava em usar seu charme para seduzir jovens mulheres e levá-las para a cama. Tinha fama de ser um navegador intrépido, que não tinha medo em flertar com o perigo, em guiar seu navio para o meio de tempestades turbulentas, por mais terríveis que essas fossem.

E, acima de tudo, tinha fama de ser um homem que não se deixava ser dominado pelo coração.

Bem, graças a maldita princesa de Terrassen, tudo isso tinha ido à merda.

Sob o sol escaldante do sul do continente, ele estava de pé no convés, olhando para o contorno distante do arquipélago que se aproximava. Conforme o navio rumava para a costa, já era possível distinguir as colinas cobertas de selva de Baía da Caveira, assim como as águas cor de turquesa que rodeavam a ilha, e a silhueta ameaçadora de Corta-Navios reluzindo à distância.

Os gritos dos marujos soavam, conforme eles corriam para puxar as cortas e preparar o navio para a atracagem.

Segurando uma das cordas, Marcus se inclinou na direção do mar, sentindo o aroma salgado preencher suas narinas. Deuses... como ele amava aquilo. O vento nos cabelos, o rush de adrenalina, a sensação de liberdade de se estar velejando. A sensação de se estar cruzando os limites do mapa, embarcando rumo a novas terras, novas aventuras.

No entanto, naquele dia em particular, a brisa deliciosa do mar e os respingos de água salgada não foram capazes de tirar sua mente das preocupações assim como normalmente faziam.

Sua mente continuava voltando para aquele momento no palácio... o momento em que Evalin havia criado uma linha de fogo usando a própria magia, e desafiado Marcus a atravessá-la.

Bem, ele não podia fingir que a princesa não tinha um instinto dramático.

Ele ainda não conseguia acreditar direito no que acontecera. Não conseguia acreditar que encontrara a princesa de Terrassen em uma biblioteca, a pedira para sair e tivera um jantar inteiro com ela, sem ao menos saber com quem estava falando. Não conseguia acreditar que tinha feito sexo com a princesa de Terrasen. Não apenas uma, mas três vezes.

(Sim, Marcus também estava extremamente orgulhoso de si mesmo por causa disso, obrigado).

Ele era mesmo um idiota. Podia apostar que Evalin estava acostumada a fazer aquilo... a escapar para a cidade disfarçada e seduzir algum plebeu incauto, levando-o para a cama e então o abandonando no dia seguinte, sem permitir que o pobre coitado sequer soubesse com quem havia realmente dormido.

Marcus certa vez havia ouvido lendas a respeito da princesa Evalin... lendas que diziam que ela era tão maravilhosa que precisava usar um véu quando saía na rua para que os plebeus não entrassem em combustão devido à sua beleza. Depois de ter conhecido Evalin pessoalmente, Marcus não podia dizer que negava os boatos por completo. Evalin era linda e inteligente e tão apaixonada por livros tanto quanto ele próprio. E excelente na cama, ainda por cima.

Diabos... Marcus normalmente não era assim com as garotas. Ele normalmente não se comprometia, normalmente não tinha problema algum em fazer sexo casual. Céus, quando chamara Eve para sair, nunca pensara que aquilo fosse acabar virando algo sério. Pensara apenas em ter um momento de diversão com uma garota bonita e talvez, caso tivesse sorte, passar a noite com ela. Mas nunca, jamais, chegara a pensar que fosse se envolver emocionalmente com Eve.

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