-capítulo 7-

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—Você quer que eu faça o quê?— Evalin encarou a mãe, atônita.

Aelin sorriu para a filha, com um tom de cumplicidade. A rainha usava um longo vestido dourado e seus cabelos estavam presos numa intricada trança que contornava a coroa de pedras de âmbar. Ninguém além da Herdeira de Fogo teria conseguido ficar tão impecável naquela cor.

—Quero que você assuma as obrigações de rainha enquanto eu estiver fora— repetiu a feérica, como se achasse que talvez a princesa não tivesse entendido direito. Os olhos de Evalin se arregalaram.

As duas estavam paradas na entrada ao saguão de conferências, em frente às intricadas portas de carvalho. A princesa sabia que, do outro lado daqueles portões, inúmeros lordes esperavam pacientemente pela vez de falar com a sua mãe. Mas antes disso... Eve precisava ter certeza de que Aelin não estava ficando maluca.

—Espera... você quer que eu faça o quê?— a garota repetiu.

A rainha levou a mão à testa e soltou um longo suspiro, sem entender direto o porque da filha estar tão chocada.

—As reuniões do conselho— Aelin explicou —As recepções para os governadores das províncias, os acordos comerciais, as seções de julgamento, os jantares diplomáticos... quero que você me represente neles enquanto eu estiver viajando. Quero que fique governando Terrasen como a minha regente.

—Mas... não é para isso que serve o Conselho?— perguntou Evalin, hesitante —Para... governar na sua ausência?

Sua mãe caiu na gargalhada:

—O Conselho? Ah, por favor, querida! Eles são só um bando de velhos raquíticos metidos à besta. Você é a futura herdeira de Terrasen. É a minha filha. Quem melhor do que você para tomar conta do cargo?

Evalin piscou, tentando absorver toda aquela informação. Ficar no lugar da mãe...  Aelin propusera aquilo como se fosse algo tão fácil! Como se fosse apenas mais um dos deveres da princesa... e não a coisa mais importante que a herdeira já fizera em toda a sua vida.

—Rainha... rainha interina— Eve sussurrou baixinho, só para deixar as palavras se assentarem. E ela pensando que teria mais alguns séculos antes de precisar ficar sobre o peso de uma coroa!

—Ah, pare de ser tão dramática!— Aelin fez um gesto exagerado com a mão —Vai ser divertido! Você vai poder dar ordens, administrar o reino. Se os ministros estiverem sendo idiotas, pode gritar com eles. E se eles continuarem sendo idiotas, pode tacar fogo no cabelo deles!

Evalin arqueou uma única sobrancelha. Sua mãe podia ser a salvadora de Erilea, uma deusa viva e uma feérica imortal... mas as vezes a princesa sentia que tinha mil vezes mais maturidade do que ela.

Você já tacou fogo no cabelo dos ministros?— a jovem quis saber.

De repente, a rainha pareceu muito interessada no bordado dourado do próprio vestido. Vários segundos constrangedores de silêncio se passaram... antes que Aelin enfim voltasse a se manifestar:

—Não tente mudar de assunto!— a rainha exigiu  —Eve, pelo amor de Wyrd.... eu não consigo entender porque você está tão preocupada. Assumir o trono é tudo para que estive te treinando durante a sua vida inteira. Não estou te pedindo para... derrotar os valg, nem nada do gênero.

Não... mas estava pedindo para que ficasse no lugar dela. Estava pedindo que a jovem fosse Aelin Galathynius, a rainha vadia cuspidora de fogo, por toda uma semana. Como raios Evalin faria aquilo?

—O que você precisa fazer— Aelin pareceu adivinhar o que se passava na cabeça da filha —É relaxar. Você vai se sair ótima, Eve. Mais do que isso: vai se sair gloriosa. Você é uma Galathynius. Está no seu sangue.

WILDFIREWhere stories live. Discover now