-capítulo 13-

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Com os joelhos fincados no chão, Nerissa tocou levemente a superfície do chão,

Frescos. Os rastros ali estavam frescos, livres de folhas e gravetos. O animal que os deixara não podia estar distante.
Quando Nerissa se levantou, ela teve vontade de comemorar com uma dancinha.

Ela passará as últimas quatro horas vasculhando a floresta e não conseguira encontrar nada. Fora por pura sorte que decidira parar para beber num riacho, encontrando, no processo, aquelas pegadas maravilhosamente familiares.

Nerissa mergulhou seu cantil entre os pedregulhos do córrego, enchendo-o com a água fresca das montanhas. Ao levar a garrafa até os lábios, ela suspirou.

Por alguns minutos, Nerissa se contentou em admirar a beleza selvagem da Carvalhal.

As copas das árvores reluziam em tons de laranja, como se estivessem em chamas. Na casca dos carvalhos, a primeira geada da estação derretia. O canto dos pássaros formava uma verdadeira melodia, mais bela aos ouvidos de Nerissa do que qualquer coisa que os músicos do Teatro Real jamais poderiam reproduzir.

Porque aquilo era a natureza. A brisa fria das montanhas, o toque da grama e a pureza das cascatas de degelo... Nerissa achava que jamais fosse se cansar daquilo. A cada dia que passava, era como estivesse experienciando tudo pela primeira vez.

A jovem jogou o arco por cima do ombro, prendendo-o ao lado da aljava. Ela inspirou o ar outonal, abrindo um largo sorriso.

O bosque era a sua verdadeira casa. Não o palácio, mas o bosque. Ali, nenhuma rainha controlava os animais e a mudança das estações. Tudo estava entregue ao acaso, às grandiosas mãos dos deuses.

Não havia regras. Não havia expectativas.  Não havia obrigações, conferências e nem pessoas para agradar. Na floresta, Nerissa podia abandonar seu sobrenome... e apenas viver.

Não sobreviver, mas viver.

A caçadora se levantou, ajeitando seus braceletes de couro. Devagar, ela prosseguiu com o seu caminho, enquanto seguia aquela trilha de pegadas misteriosas.

Ela optou por permanecer ao lado do rio. Dessa maneira, evitaria os sons desnecessários que faria caso se aventurasse entre as pilhas de folhas caída. O outono não a estação mais prática para se caçar... mas ainda era a sua preferida.

Tudo ficava tão lindo tingido de laranja! Só perdia para a noite, quando a floresta ganhava a vida sob a luz das estrelas. Nerissa sentia falta da época em que seus pais a deixavam caçar sob o manto da escuridão.

É muito perigoso, era o que eles diziam. E se você se perder? E se algum animal selvagem te atacar?

Nem mesmo a floresta conseguiu impedir o aperto que percorreu seu peito quando ela se lembrou da discussão que tivera com Aelin no dia anterior.

A jovem fora longe demais. Sabia disso. Falara da boca para fora, dissera coisas das quais se arrependia profundamente...

Nerissa suspirou. Ela só queria te que tudo voltasse a ser como era antes... quando ela era pequena e a sua vida era muito mais simples. Quando seus pais a amavam do fundo dos seus corações e apoiavam duas escolhas e sua alma rebelde.

Antigamente, Rowan e Aelin costumavam leva-la à floresta, onde passavam horas lhe mostrando os segredos da caça e da arquearia. Tudo que Nerissa sabia— seguir rastros, atingir um alvo em movimento, sobreviver na mata ou escalar rochedos congelados— tinham sido eles que a ensinaram.

Naquela época , o mundo era lindo e cheio de oportunidades. Aelin a levava para as clareiras da Carvalha, e as duas riam e rolavam juntas nas folhas do outono. Na primavera, Rowan e ela voavam por cima das montanhas, rápidos  como o vento. Nerissa costumava adormecer ao ar livre, sob o cobertor das estrelas e com um sorriso estampado no rosto.

WILDFIREWhere stories live. Discover now