-capítulo 10-

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Marcus. Um pouco relutantemente, Evalin apertou a mão do jovem.

Os dedos dele eram calejados em alguns pontos, o que sugeria que armas não lhe eram estranhas. Mas a princesa já deduzira aquilo, até porque o homem conseguira enfrenta-la de igual para igual e ainda destruir metade da biblioteca no processo. Sem contar que, se as mãos de Marcus não provassem que ele era treinado em combate... os braços sem dúvida o faziam.

Evalin enrubesceu diante dos músculos morenos e bem definidos, visíveis mesmo através das mangas longas da camisa. Por Wyrd, ela não era melhor do que Lorraine e suas amigas! Um homem bonito com uma personalidade debochada e uma paixão por livros e a princesa já estava basicamente babando no chão.

As mãos dos dois se soltaram, os dedos ásperos de Marcus roçando contra os seus. Evalin teve uma sensação estranha... como se eletricidade estivesse percorrendo a sua pele. A expressão do jovem pareceu se alterar um pouco, nervosa. Será que ele também sentira aquilo, ou fora só a sua imaginação?

—Então, Eve..— disse o homem —É um nome muito bonito.

A princesa resistiu ao impulso de corar. Certo, ela tecnicamente não mentira para o homem... mas escondera uma parte considerável da verdade. Quase tudo, para ser mais específica.

—O seu também— a garota falou —Então, me diga, Marcus... você sempre sai por aí destruindo bibliotecas e lutando ferozmente por causa de livros?

—Só nos meus dias bons— o homem deu uma piscadinha —E você? Sempre sai por aí tropeçando e caindo no colo de caras incrivelmente atraentes?

—O que... eu...— Evalin engasgou —Eu nunca... foi você que... foi você...

Marcus abriu um sorriso provocador enquanto assistia a herdeira engasgar com as palavras.

—Eu não tropecei!— a princesa enfim se recompôs —Você me derrubou! E roubou o meu livro, ainda por cima! Mais que cavalheiro, eu suponho.

—Eu consegui o livro justamente por meio daquele cara e coroa. Na verdade... acho que se tivesse proposto o cara ou coroa de início, não teríamos destruído a livraria inteira. Embora eu tenha que dizer que...— ele lhe lançou um olhar divertido —Eu fiquei impressionado com suas habilidades de combate. Não é todo o dia que conheço uma jovem capaz de limpar o chão com o meu corpo.

Evalin riu. Ah... mas que atrevido! Ela nem precisou pensar antes de vir com a resposta:

—Talvez esteja passado muito pouco tempo na companhia feminina, Marcus. Pelo que consegui ver da sua atitude, acho que mais alguns tabefes e chutes nas joias da coroa lhe fariam um bem tremendo.  Roubando livros dos outros... mas quem diria!

O jovem gargalhou. E o coração de Eve parou quando ele estendeu a mão na direção dela... aqueles lindos olhos verde-mar cintilando à luz dourada do entardecer.

—Suponho que você tenha razão. Nesse caso, senhorita Eve, se incomodaria de ser a minha companhia para a tarde? Cheguei na cidade ontem e ainda não tive tempo de conhecer nenhum restaurante. Ouvi dizer que a gastronomia de Orynth é bastante famosa.

Sem ousar se mexer, Eve apenas encarou o braço estendido de Marcus. Aquele homem estava realmente... a chamando para sair? Ela? A jovem ameaçara mata-lo e usar as entranhas como marcadores de página! E claro, ela podia até ser bonita, podia até ser uma princesa... mas fora das muralhas do palácio, não passava de uma plebéia comum.

—Seu gosto para mulheres sem dúvida é questionável— Evalin riu —E ainda são 6 da tarde. Será que não é um pouco cedo demais para jantar?

—Bem, também era um pouco cedo demais para detonar a livraria, mas olhe aonde estamos agora— Marcus indicou a vitrine destruída com um aceno de cabeça— Vamos, você mora aqui. Deve conhecer algum lugar onde possamos comer alguma coisa. O que tem a perder?

WILDFIREWhere stories live. Discover now