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Capítulo 2 - Meias Antigas


Encenação: Encobrir ou fingir para esconder sua verdadeira intenção.

*

Ai, pai! Eu tenho que terminar de lavar a louça — não que eu queira sair, o colo do meu pai é tão confortável, me sinto protegida em seus braços. Estamos sentados juntos na cadeira reclinável ao lado da mesa de jantar.

Ah, eu queria tanto não ter nenhuma louça para lavar agora, mas minha mãe é exigente e me mataria ao ver a louça suja.

De quem você puxou para ser tão linda assim? — Ele pergunta.

Ôh, seu convencido... — sorrimos juntos —, puxei do senhor, é claro. Esse pai lindão que eu tenho. — Ele me aperta, sinto todo amor e carinho em seus braços. Minhas pálpebras pesam até se fecharem completamente.

Uau, o que você está carregando nessa mochila? — Ouço meu pai perguntar e abro meus olhos.

Suely está carregando em suas mãos uma enorme mochila e me parece bem cheia.

Ah, são umas roupas velhas que eu encontrei, pai — ela coloca a mochila em cima da mesa.

Você não sabia que é crime roubar roupas dos moradores de rua? — Ele pergunta todo irônico e brincalhão.

Olho para ele e dou um sorriso. Apenas me ajeito em seu colo para ficar mais confortável. Meu pai é um bobão, mas é aquele tipo de bobão engraçado.

Se os mendigos forem nós? Porque são nossas roupas velhas — Suely responde tão irônica quanto o papai, eles são parecidos nesse aspecto —, vou vender ou doar elas.

Quem é o mendigo agora, ein? — Sorrio enquanto tiro sarro dele.

Está me chamando de mendigo, senhorita?

O senhor quem disse — digo provocando ele.

Ora sua... — ele começa a me fazer cócegas.

Aaaaa nãaaao! — Solto uma risada descontrolada. Saio de seu colo. Vejo ele pular da cadeira e correr atrás de mim — Desculpa, desculpa, não faz cócegas em mim! — Digo rindo enquanto corro pela cozinha e pela sala, fugindo dele. Suely apenas nos assiste rindo também enquanto corremos pela casa como duas crianças brincando de pega-pega.

Suely, me ajudaaa! — Digo correndo em direção a ela, mas meu pai consegue me agarrar e puxar de volta para seu colo. Ele começa a fazer cócegas e eu rindo, implorando para Suely me ajudar.

Eu não, vocês dois que lutem — Suely responde claramente zoando nossa brincadeira. — Como eu estava dizendo, vou doar ou vender nossas velhas roupas.

No... Nossas roupas, as minhas roupas estão aí também? — Me levanto de seu colo e começo a mexer na mochila e vejo um par de meias que não via a muito tempo — Venda as suas roupas Suely, não as minhas, elas tem valores sentimentais.

Essa meia fedida e antiga te trás boas lembranças, Gabriela? Por quê? De quem??

— Por quê? Eu... Porque o papai me deu isso no meu aniversário de 15 anos!

3 ANOS ANTES
No aniversário de 15 anos

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Tal Pai, Tal Filha [ Reescrevendo ]Where stories live. Discover now