D e c i q u i n

12.3K 574 207
                                    

Capítulo 15 - Pra Onde Você Foi?


Medo: Receio de algo que você quer evitar.

*

A vida é dura, as vezes ela nos bate uma verdade na nossa cara que fica difícil nos manter de pé.

Cair... É a única sensação que tenho agora, todos me olham tentando entender porque estou agindo assim, na verdade estou confusa.

Desculpe irmã.

Desculpe mãe.

Desculpe... Pai.

- NÃO... NÃO TOQUE EM MIM! - Digo como uma forma de evitar que nos aproxime. Porque toda vez que ele me toca, eu sinto coisas, coisas boas, coisas que eu não deveria sentir.

Eu não queria fazer isso, ele é o homem mais importante da minha vida, é o homem por quem me apaixonei e também meu pai. Mas eu tenho que afastar ele de mim, pelo bem dele, pelo bem da minha mãe.

- EU NÃO QUERO FICAR NESSA CASA, EXPLOSÕES, FALTA DE LUZ, CALOR. VOCÊ ACHA QUE ESTÁ CUIDANDO DE MIM? DESSE JEITO PAI? MEU QUARTO PEGOU FOGO E A CULPA É SUAA.
EU NÃO CONSIGO ME ACOSTUMAR COM ESSA SUA VIDA, NÃO PODE ME LEVAR PARA O SEU MUNDO, PAI. UM MUNDO CHATO E REPETITIVO.
É POR ISSO QUE A MAMÃE NÃO FICA AQUI, É POR ISSO. VOCÊ NÃO CONSEGUIU ARRASTAR ELA COM VOCÊ E AGORA ESTÁ TENTANDO FAZER ISSO COMIGOOO. - Digo gritando e fazendo gestos com as mãos, sinto meu coração arder, como uma faca afiada a estivesse atravessando. Minhas bochechas ficam vermelhas. Eu não quero chorar. Ele parece calmo porem confuso. Parece que evitar meu pai dói mais em mim do que nele.

Vou caminhando até a porta e de repente me da vontade de dizer tudo logo de uma vez. Abro a porta, okay Gabriela vamos lá , diga o que sente: "- Eu..." Me viro e olho para o meu pai, com aquele olhar calmo e Suely me olha esperando respostas. Eu não posso fazer isso. É um problema meu e que somente eu posso resolver, apenas me viro de novo e fecho a porta.

Então começo a chorar e caminho pra longe de casa, vejo o carro da minha mãe vindo pela rua na direção oposta a mim. Merda, o que vou fazer? Vou apenas fingir que não sei de quem é o carro e continuar andando. Então o carro passa por mim, é acho que minha mãe não me viu.

É de manhã, era pra eu estar na faculdade mas estou aqui na rua com uma mochila cheia de roupas antigas. Continuo caminhando até chegar na parada. Nossa, faz tempo que eu não ônibus. Meu pai é que sempre me levava aonde eu precisava ir. Ele é tão incrível. Não Gabriela, é seu pai porra, tireo da sua mente agora. Mexo com a cabeça. Acho que sei qual ônibus pegar para chegar aonde eu quero.

Na parada havia um casal de namorados, eles estavam de mãos dadas e ela estava abraçando ele por trás enquanto conversavam.
Eu nunca vou poder ter isso com alguém que amo.

Falta de educação ficar aos beijos na frente de solteiros.

Vejo de longe um ônibus vindo, eu tenho miopia então não consigo enxergar de longe qual ônibus é. Meu pai disse que iria me comprar lentes de contato. Aff tudo me lembra ele. O ônibus é da Castelo Branco, exatamente o que estava esperando. Subo no ônibus e agradeço por me afastar daquele casal.

Se passa alguns minutos até eu chegar, toco a campainha dourada da casa. E a porta branca se abre.

- Gabriela?

Tal Pai, Tal Filha [ Reescrevendo ]Onde histórias criam vida. Descubra agora