Q u i n

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Capítulo 5 - A Filha Da Dona De Casa

Dona: Proprietária de alguma coisa. Mulher que cuida da casa, do marido e da família.

*

     Quando chegamos em casa minha mãe já estava lá, sentada. Havia uma garrafa com um copo de água numa mesa perto dela e uma bacia no chão.

Minha mãe estava horrível, com cara de que acabou de vomitar.

- Mãaae, você está bem?

- Eu to bem, não se preocupe, estou comendo muita besteira ultimamente. Vou comer umas frutas e ficar bem de novo.

     - Eu tenho que voltar no trabalho, preciso terminar... - ela responde alguma coisa sobre jornalismo mas não consigo ouvir direito pois meu pai tira a camisa, tiro o olhar e tento prestar atenção nela.

- Você precisa descansar, deixa o trabalho pra depois, kari - meu pai diz se aproximando dela.

- Amor, eu tenho que fazer isso - mamãe responde observando ele.

Então ela volta ao trabalho, já são 5 da tarde.

Olho meu whatsapp e fico surpresa com a quantidade de mensagens das minhas colegas , elas estão preocupadas, isso porque eu nunca falto na faculdade, nunca.

No meu whatsapp estava mensagens como: "Pq tu n veio hj criatura?" e "Senti sua falta, porque n veio hoje? Espero q esteja bem"

     Essa última mensagem é do Rafael, ele faz parte da minha turma da Faculdade, todos na sala sabem que ele é afim de mim, mas eu tenho minhas dúvidas. Respondo as mensagens explicando o que aconteceu.

     Nesse momento surge um caminhão enorme, vou até na frente da minha casa, dois homem de macacão sai do caminhão e um deles pergunta me olhando de baixo pra cima:

- A senhora é a dona da casa?

- Senhora? Quantos anos esse cara pensa que eu tenho? - Penso comigo mesma.

- Não, eu sou a filha da dona da casa.

- Ah vocês são da reforma. - Meu pai responde vindo até mim.

- Eu vou mostrar o quarto pra vocês.

Eles começaram a colocar tudo que foi destruído no meu quarto no caminhão.

Faço a janta da Suely, quando ela chega da faculdade, sempre quer comer alguma coisa.

Em seguida vou até meu quarto e está vazio, com cinzas no chão e manchas de queimado nas paredes cor de rosa.

Meu pôster do Paramore está parcialmente queimado. É, vou ter que comprar outro.

Suely chega da faculdade junto com a amiga e elas vão até o quarto.
- Ela vai dormir aqui de novo? - Penso comigo mesma.

- Começo a varrer o chão.

Está uma bagunça mas continua sendo meu quarto.

(...)

Terminei, olho no meu celular e são 8 da noite.

O tempo passa rápido quando fazemos faxina ouvindo música.

     De repente tudo fica escuro. - O que foi dessa vez? - Eu digo já pegando o meu celular do bolso. Ligo a lanterna do meu celular e vou andando até a cozinha pra acender as velas e... subitamente sinto uma dor terrível.

- Áaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah... - Bati meu dedo mindinho em algum lugar, não vi onde porque está escuro.

- GABY?
- AQUI PAI!

- ELE VEM COM SEU CELULAR ILUMINANDO A COZINHA

- O QUE FOI?
- BATI O MEU DEDO EM ALGUM LUGAR PAAI.

- Ele rir. Eu parecia uma criança reclamando e chorando.

- Vem meu amor.

Ele me carrega até a sua cama, que por enquanto será minha.

- Tá doendo pai!
- Calma meu anjo, logo a dor vai passar e você vai se sentir melhor.

Ele começa a fazer massagem no meu pé. Fico gemendo de dor.

     - Me desculpa... - Ouço meu pai falar, abro meus olhos e o observo. Eu nunca vi ele pedindo desculpas, isso é tão estranho. - Seu quarto, o ventilador de teto, talvez até a falta de energia, é minha culpa. - Ele diz enquanto massageia meu pé machucado.

- Não é sua culpa, você não sabia.
- Mas eu devia... - O interrompo.
- Não devia nada. Você cuida de mim na medida que pode. E nem precisa, eu já sou maior de idade. Que pai faz isso? O senhor é o melhor pai do mundo.

Vou até ele e o abraço deitando minha cabeça em seu peito.
E... e... nunca conheci um homem como o senhor.

- Sinto sua mão me fazendo cafuné. Eu viro meu rosto pra olhá-lo. Ele me observa, dá um sorriso e de repente sinto seus lábios...

...no meu rosto.

- Que calor é esse?

Tal Pai, Tal Filha [ Reescrevendo ]Onde histórias criam vida. Descubra agora